A OpenAI, fabricante de ChatGPT, está procurando fundir seus sistemas de inteligência artificial (IA) nos corpos de robôs humanóides como parte de um novo acordo com a startup de robótica Figure.
A Figure, sediada em Sunnyvale, Califórnia, anunciou a parceria na quinta-feira, 29, juntamente com US$ 675 milhões em financiamento de capital de risco de um grupo que inclui o fundador da Amazon, Jeff Bezos, bem como a Microsoft, a fabricante de chips Nvidia e as divisões de financiamento de startups de Amazon, Intel e OpenAI.
A Figure tem menos de dois anos de existência e não possui um produto comercial, mas está persuadindo influentes apoiadores do setor de tecnologia a apoiar sua visão de enviar bilhões de robôs semelhantes aos humanos para os locais de trabalho e residências do mundo.
“Se conseguirmos que os humanoides façam o trabalho que os humanos não estão querendo fazer porque há um déficit de humanos, poderemos vender milhões de humanoides, talvez bilhões”, disse o CEO da Figure, Brett Adcock, à Associated Press no ano passado.
Para a OpenAI, que se dedicou à pesquisa de robótica antes de se concentrar nos modelos de linguagem grande de IA que alimentam o ChatGPT, a parceria “abrirá novas possibilidades de como os robôs podem ajudar na vida cotidiana”, disse Peter Welinder, vice-presidente de produtos e parcerias da empresa de São Francisco, em um comunicado.
Os termos financeiros do acordo entre a Figure e a OpenAI não foram divulgados. A colaboração fará com que a OpenAI desenvolva modelos especializados de IA para os robôs humanoides da Figure, provavelmente com base na tecnologia existente da OpenAI, como os modelos de linguagem GPT, o gerador de imagens DALL-E e o novo gerador de vídeos Sora.
Isso ajudará a “acelerar o cronograma comercial da Figure”, permitindo que seus robôs “processem e raciocinem a partir da linguagem”, diz a Figure. A empresa anunciou em janeiro um acordo com a BMW para colocar seus robôs para trabalhar em uma fábrica de automóveis em Spartanburg, Carolina do Sul, mas ainda não havia determinado exatamente como ou quando eles seriam usados.
Qual é a utilidade de robôs humanoides?
Os especialistas em robótica divergem sobre a utilidade dos robôs com formato humano. A maioria dos robôs empregados em tarefas de fábrica e armazém pode ter algumas características semelhantes a animais – um braço robótico, garras semelhantes a dedos ou até mesmo pernas – mas não são verdadeiramente humanoides. Isso se deve, em parte, ao fato de os engenheiros de robótica terem levado décadas para desenvolver pernas e braços robóticos eficazes.
O CEO da OpenAI, Sam Altman, deu a entender ter um interesse renovado em robótica em um podcast apresentado pelo cofundador da Microsoft, Bill Gates. Nele, Altman disse que a empresa estava começando a investir em plataformas de hardware de robótica promissoras, depois de ter abandonado sua própria pesquisa.
“Começamos a trabalhar com robôs muito cedo e, por isso, tivemos que suspender esse projeto”, disse Altman a Gates, observando que “estávamos lidando com simuladores ruins e tendões rompidos”, o que estava distraindo o trabalho da empresa.
“Com o passar do tempo, percebemos que o que realmente precisávamos primeiro era de inteligência e cognição, para depois descobrirmos como adaptá-las à fisicalidade”, disse ele.