Niviane Magalhães, Estadão Conteúdo
O dólar subiu com força ante o real nesta segunda-feira, 25, para R$ 3,15 – maior nível em setembro -, seguindo o movimento de valorização generalizada da moeda americana no exterior. De acordo com especialistas, o impulso principal foi a subida de tom na tensão entre os EUA e a Coreia do Norte, embora alguma recomposição de carteiras devido à perspectiva de aumento de juros nos EUA ainda motive o movimento comprador. Internamente, as atenções ficaram voltadas aos obstáculos na tramitação da reforma da Previdência, o que tem deixado o mercado receoso quanto a uma possível aprovação neste ano.
“Tivemos um pouco de movimento de fluxo no início do dia, mas a alta mais acentuada do dólar veio depois da declaração da Coreia do Norte”, disse Ricardo Gomes da Silva Filho, operador de câmbio da corretora Correparti.
O ministro de Relações Exteriores da Coreia do Norte, Ri Yong Ho, disse hoje que o comentário do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nas redes sociais de que o líder norte-coreano Kim Jong Un “não ficará por aí por muito tempo” foi uma declaração de guerra contra seu país.
Segundo ele, a “declaração de guerra” dá à Coreia do Norte “todo o direito”, com base na Carta das Nações Unidas, a tomar contramedidas “incluindo o direito de derrubar aviões bombardeiros dos Estados Unidos, mesmo que ainda não estejam dentro do espaço aéreo do nosso país”. A porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, negou veementemente que os Estados Unidos tenham declarado guerra e atacou a beligerância da retórica de Pyongyang.
Roberto Indech, analista-chefe da Rico Investimentos, viu também no mercado de câmbio uma repercussão da decisão do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) na semana passada, que deixou em aberto a possibilidade de uma alta de juros nos EUA neste ano. De acordo com especialistas do mercado, este movimento ainda se reflete no mundo inteiro, uma vez que é natural os investidores ajustarem suas carteiras.
Ambos os profissionais chamaram a atenção também para o cenário interno. Hoje, a Câmara dos Deputados adiou mais um vez a leitura da segunda denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer por falta de quórum. A leitura deverá ser feita amanhã. Enquanto isso, a tramitação da reforma da Previdência segue obstruída, o que tem gerado um desconforto no mercado em relação à aprovação.
No mercado à vista, o dólar fechou em alta de 0,93%, aos R$ 3,1563. O giro financeiro somou US$ 1,11 bilhão. Na mínima, a moeda ficou em R$ 3,1267 (-0,01%) e, na máxima, aos R$ 3,1607 (+1,07%).
No mercado futuro, o dólar para outubro subiu 1,05%, aos R$ 3,1610. O giro financeiro somou US$ 15,53 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,1285 (+0,01%) a R$ 3,1625 (+1,10%).