O dólar recuou 0,81%, a 3,2124 reais na venda, depois de ter acumulado ganho de 1,98% nos dois pregões anteriores
Por Claudia Violante, da Reuters
Dólar: “O Banco Central agiu para preservar a segurança do mercado e dar mais tranquilidade aos agentes diante dos fatos externos” (Marcos Santos/USP Imagens/Fotos Públicas)
São Paulo – O dólar fechou a terça-feira com queda de quase 1 por cento, aproximando-se do patamar de 3,20 reais, influenciado pela volta do Banco Central ao mercado cambial e também pelo firme recuo da moeda norte-americana no exterior.
O dólar recuou 0,81 por cento, a 3,2124 reais na venda, depois de ter acumulado ganho de 1,98 por cento nos dois pregões anteriores. A queda nesta sessão foi a maior desde o recuo de 1,35 por cento registrado em 4 de janeiro.
Na mínima do dia, o dólar foi a 3,1924 reais. O dólar futuro cedia cerca de 1 por cento no final desta tarde.
“O Banco Central agiu para preservar a segurança do mercado e dar mais tranquilidade aos agentes diante dos fatos externos”, destacou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva. O último leilão de swap tradicional havia sido em 12 de dezembro passado.
O BC anunciou na noite passada a volta nesta sessão com os leilões de swaps tradicionais –equivalentes à venda futura de dólares–, decisão tomada após avaliar as condições de mercado.
E a autoridade vendeu a oferta integral de até 12 mil contratos para rolagem dos vencimentos de fevereiro, que somam o equivalente a 6,431 bilhões de dólares.
Se mantiver o mesmo ritmo de swaps ofertados nos próximos dias e vendê-los na íntegra, o BC rolará o volume total em 11 leilões. A última vez que o BC entrou no mercado de câmbio foi dia 13 de dezembro, com leilões de venda de dólares com compromisso de recompra.
O presidente do BC, Ilan Goldfajn, disse mais cedo que a autoridade monetária poderá sempre fornecer hedge a empresas se os mercados não estiverem funcionando bem e se houver problemas de liquidez, acrescentando ainda que o BC pode usar suas ferramentas cambiais dentro do regime de câmbio flutuante, que considera a primeira linha de defesa da economia contra choques externos.
Já o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou em Davos, na Suíça, onde também participa do Fórum Econômico Mundial, que há conforto em relação ao patamar atual do dólar.
O mercado externo também contribuiu para o movimento de queda do dólar nesta sessão. A moeda norte-americana cedia ante uma cesta de moedas e divisas de emergentes, como o peso mexicano.
Os investidores reagiram ao discurso da primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmando que o Reino Unido deixará o mercado comum da União Europeia quando sair do bloco, acrescentando que o acordo final de saída será enviado para votação no Parlamento.
O discurso ajudou a recuperar a libra nos mercados de câmbio.
Outro evento no radar dos investidores era a posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, na próxima sexta-feira.
Ele prometeu uma política econômica mais inflacionária, com gastos em infraestrutura e corte de impostos, o que pode obrigar o Federal Reserve, banco central do país, a aumentar os juros além do esperado.
“O BC (brasileiro) pode ter se antecipado à posse, já que o dólar poderia ficar mais especulativo”, comentou um operador de câmbio de uma corretora local, referindo-se à nova atuação no mercado de câmbio.
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