Dólar salta 3,32% ante real em outubro, maior alta em quase 1 ano
O dólar fechou em leve queda ante o real nesta terça-feira, mas encerrou outubro com a maior alta mensal em quase um ano, em meio a temores com o andamento da agenda econômica no Congresso Nacional e incerteza quando ao futuro da política monetária nos Estados Unidos.
Com isso, segundo especialistas ouvidos pela Reuters, a moeda norte-americana pode ter mudado de patamar no curto prazo, em torno de 3,30 reais.
O dólar recuou 0,28 por cento, a 3,2728 reais na venda, depois de chegar a 3,3022 reais na máxima do dia e, na mínima, a 3,2647 reais. O dólar futuro era negociado com baixa de cerca de 0,40 por cento no final da tarde.
Em outubro, a moeda norte-americana acumulou alta de 3,32 por cento frente ao real, maior salto mensal desde novembro de 2016 (+6,18 por cento), quando Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos.
“A sensação é de que a corrida eleitoral está começando mais cedo do que o esperado e o governo está ficando mais fraco devido à falta de apoio popular. A chance das reformas estão diminuindo”, afirmou em nota a clientes o diretor da Tesouraria do banco Santander, Sandro Sobral.
Internamente, há ceticismo do mercado sobre a capacidade do presidente Michel Temer em dar continuidade à agenda econômica, em especial à reforma da Previdência. O mercado avalia que se a reforma não for aprovada neste ano, dificilmente será em 2018, ano eleitoral.
“Se a reforma não for aprovada, o dólar deve ficar entre 3,20 e 3,30 reais”, afirmou o operador da corretora H. Commcor, Cleber Alessie Machado.
Entre meados de julho e o início deste mês, o dólar basicamente rondou os patamares de 3,15 e 3,20 reais, num momento de certo otimismo com o andamento das reformas do governo, que conseguiu tirar algumas do papel, como a Trabalhista.
A última sessão de outubro foi marcada por alguma volatilidade, em dia de formação da Ptax do mês, taxa do Banco Central e usada como referência em diversos contratos cambiais. Os investidores tendem a puxar as cotações para seus interesses.
No exterior, a principal questão em jogo é a sucessão do Federal Reserve, o banco central norte-americano. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deverá indicar o diretor do Fed Jerome Powell como próximo chair do Fed, no lugar de Janet Yellen, cujo mandato acaba em fevereiro.
Powell tem perfil menos conservador do que o economista da Universidade de Stanford John Taylor, que também faz parte da lista de Trump e chegou a ser apontado como seu favorito, alimentando temores de que o Fed poderia elevar os juros mais do que o esperado pelos analistas. Trump já disse que deve fazer sua escolha nesta semana.
“Se for Powell o escolhido, que é mais ‘dovish’, o dólar pode cair. Se for Taylor, vai surpreender bastante”, afirmou o economista da corretora Renascença Marcos Pessoa.
No dia seguinte, haverá reunião do Fed e a expectativa geral é de que os juros serão mantidos, mas o mercado buscará pistas sobre o encontro de dezembro.
Neste mês, o BC ficou de fora do mercado de câmbio diante do fato de que não havia contratos de swaps cambiais vencendo em novembro para serem rolados. E também não há em dezembro, segundo dados do BC.