No dia anterior, a moeda norte-americana fechou em alta de 1,22%, vendida a R$ 4,0789.
Por G1
O dólar fechou em forte alta em relação ao real nesta sexta-feira (23), impactado pelo cenário externo arisco e por ruídos em torno da reforma da Previdência.
A moeda norte-americana terminou a sessão em alta de 1,13%, vendida a R$ 4,1250, no maior valor desde 19 de setembro do ano passado, quando fechou em R$ 4,1267. Veja mais cotações. Na máxima do dia, a cotação chegou a R$ 4,1315.
No dia anterior, a moeda norte-americana subiu 1,22%, a R$ 4,0789.
Já a Bovespa recuou 2,34%, a 97.667 pontos, e foi ao menor patamar desde 17 de junho (97.623 pontos).Variação do dólar em 2019Diferença entre o dólar turismo e o comercial, considerando valor de fechamentoEm R$Dólar comercialDólar turismo (sem IOF)28/129/117/128/15/213/221/21/313/321/329/38/416/425/046/514/522/530/57/617/626/64/715/723/731/78/816/83,63,844,24,424/5
● Dólar comercial: 4,0152
Fonte: ValorPro
Nesta sexta-feira, a guerra comercial entre EUA e China subiu de patamar. A China anunciou que que vai implementar tarifas extras sobre US$ 75 bilhões em produtos importados norte-americanos. Trump disse que vai responder ainda nesta tarde às novas tarifas anunciadas China.
Mais cedo, o dólar chegou a operar em queda depois do discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, segundo o qual o banco central dos EUA vai “agir conforme apropriado” para apoiar a economia, o que elevou expectativas de novos cortes de juros. Na esteira dos comentários, a moeda americana foi à mínima da sessão, de R$ 4,0513.
Nesta sexta-feira, os juros futuros dos EUA indicavam que operadores veem quase 100% de chance de o Fed cortar juros em 0,25 ponto percentual em setembro, ante chance de 90% de chance na quinta-feira, de acordo com a ferramenta Fedwatch do CME Group.
Mas, na sequência, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse, em tom de ameaça, que até o fim da tarde anunciaria resposta às tarifas chinesas, reavivando temores de uma intensificação do embate comercial entre as duas maiores economias do mundo, que tem prejudicado a demanda por ativos de risco e elevado receios de recessão.
Como resultado, o dólar acelerou os ganhos frente a moedas emergentes e aprofundou as quedas contra divisas consideradas refúgio, sobretudo iene e franco suíço, segundo a Reuters.
Cena local
Na cena doméstica, receios de atraso na tramitação da reforma da Previdência no Senado também preocupavam o mercado. Na véspera, o relator da reforma da Previdência na Casa, Tasso Jereissati (PSDB-CE), informou que não apresentaria seu parecer sobre a proposta nesta sexta-feira, como previsto, o que pode atrasar a tramitação em quatro ou cinco dias.
O BC vendeu todos os US$ 550 milhões em moeda física nesta sexta-feira e negociou ainda todos os 11 mil contratos de swap cambial reverso ofertados – os quais assume posição comprada em dólar.
O BC anunciou no dia 14 de agosto mudanças em sua forma de atuar no mercado de câmbio, com o objetivo de trocar posição cambial em contratos de swap tradicional por dólares à vista, formalizando novo modelo de intervenção cambial para aprimoramento do uso dos instrumentos disponíveis.
Mais interferência do BC?
O salto da cotação do dólar, que fez a moeda rapidamente deixar para trás níveis de resistência técnica, começa a levantar no mercado discussões sobre se o Banco Central deveria ser mais agressivo no mercado de câmbio a fim de conter distorções, uma vez que o real mais uma vez é a divisa de pior desempenho global nesta sessão, segundo a Reuters.
Entre as distorções, a taxa do casado (cupom cambial de curtíssimo prazo) foi para 6%, contra patamares mais usuais em torno de 2,5%. É justamente para aliviar essa taxa – vista como juro em dólar e termômetro da percepção de liquidez no mercado à vista – que o BC começou a fazer leilões de venda direta de dólares no mercado à vista, depois de uma década sem recorrer a essa modalidade.
“Não me surpreenderia se no fim da sessão de hoje o BC anunciasse um reforço desses volumes”, disse Thiago Silencio, operador de câmbio da CM Capital Markets, acrescentando que o mercado também reagia ao risco de eventuais barreiras comerciais aos produtos agrícolas brasileiros na esteira da repercussão das queimadas na Amazônia.
Silencio lembrou, contudo, que o mercado já se encontra na última semana do mês, geralmente marcada por mais volatilidade e distorções nas taxas de cupom cambial.
“O real tem sido a pior moeda quase todos os dias. O mercado de câmbio está claramente desequilibrado”, disse à Reuters um gestor em São Paulo. “Se ele (BC) não entrar hoje (com reforço nas atuações), acho que tudo piora”, completou.