Dólar fecha em leve alta na maior cotação desde dezembro
Depois de encostar em R$ 3,35, o dólar fechou em leve alta nesta quarta-feira (28), pressionado pelo cenário externo adverso diante de temores de guerra comercial global.
O dólar subiu 0,06%, a R$ 3,3308 na venda, maior cotação desde 22 de dezembro do ano passado (R$ 3,3345).
Já o dólar turismo foi negociada ao redor de R$ 3,47.
“O dólar está procurando seu novo patamar. Por ora, mercado entendeu que os R$ 3,35 eram suficientes”, comentou à Reuters um gestor de derivativos de uma corretora local.
Cenário externo
No exterior, o jornal estatal chinês Global Times noticiou que a China anunciará em breve uma lista de tarifas sobre exportações dos Estados Unidos para o país. Trata-se de uma retaliação para as medidas anunciadas pelo presidente americano, Donald Trump, que prevê a tributação de importações da China.
Além disso, notícias de que Trump, e a chanceler alemã, Angela Merkel, discutiram “unir forças para combater” as práticas econômicas da China e o suposto roubo de propriedade intelectual aumentaram os temores de que as tensões comerciais possam ganhar corpo.
Uma economia mais robusta nos Estados Unidos pode levar o mercado a começar a prever alta adicional de juros além das outras duas previstas para este ano pelo Federal Reserve (Fed), banco central do país. Com isso, recursos aplicados em outros países, como o Brasil, podem se dirigir ao mercado norte-americano, levando a uma alta do dólar em relação ao real.
Esse movimento pode encontrar respaldo no diferencial de juros. Com as taxas de juros dos dois países em sentido inverso – em queda no Brasil e em alta nos EUA – a vantagem para os investidores em manter dinheiro aplicado no Brasil é cada vez menor.
Todo esse movimento influencia na saída de dólares do Brasil, que continuou a ser registrada na semana passada.
Intervenção do BC
O mercado também refletiu a decisão do Banco Central, anunciada na véspera, de venda de dólares com compromisso de recompra nesta quinta-feira, um mecanismo conhecido como leilão de linha. O BC pretende vender até US$ 2 bilhões para rolar parte dos US$ 3,5 bilhões que vencem em 3 de abril.
“A volatilidade segue alimentando a busca por segurança no mercado… O leilão de linha do BC ajudou pontualmente na abertura do mercado, mas seguimos reféns do exterior, com Estados Unidos comandando o show”, afirmou à Reuters o operador da H.Commcor Corretora, Cleber Alessie Machado.
“Enquanto alguns podem achar na rolagem parcial um motivo para alta do dólar, lembremos que o BC não rolou nada do US$ 1,5 bilhão que venceu no início deste mês”, acrescentou Machado.