O dólar fechou em alta nesta quarta-feira (22), e bateu novo recorde de cotação nominal (sem considerar a inflação), em meio a expectativas de corte de juros, que levantam preocupações sobre a entrada de fluxo nos mercados brasileiros.
A moeda norte-americana encerrou o dia vendida a R$ 5,4092, em alta de 1,91%, cotação recorde para um fechamento de negócios. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,4152. No mês, a moeda acumula alta de 4,10%. No ano, a valorização é de 34,90%.
Mais cedo, dados mostraram que a arrecadação do governo federal teve queda real de 3,32% em março na comparação com o mesmo mês do ano anterior, no dado mais fraco para o mês desde 2010.
O Banco Central realizou nesta quarta-feira leilões de swap tradicional de até 10 mil contratos com encimento em setembro de 2020 e janeiro de 2021.
Expectativa de corte nos juros
“Essa puxada do dólar vem com o aumento da expectativa sobre um corte do BC”, disse à Reuters Jefferson Laatus, sócio fundador do grupo Laatus. “Campos Neto mudou discurso, deixando a entender que o BC pode vir a voltar a cortar os juros.”
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse na segunda-feira que o cenário analisado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em sua última reunião — quando avaliou que tanto uma redução maior no juro quanto afrouxamentos monetários adicionais poderiam se tornar “contraproducentes” — mudou.
“O que falamos é que entendemos que as condições que tínhamos no Copom mudaram muito de lá para cá, inclusive as expectativas de inflação”, disse Campos Neto. Na ocasião da última reunião do Copom, o colegiado cortou a Selic em 0,50 ponto percentual, a 3,75%.
O corte da taxa básica de juros a mínimas recordes sucessivas tem sido fator de pressão sobre o real, uma vez que reduz rendimentos locais atrelados à Selic, tornando o cenário brasileiro menos atraente para o investidor estrangeiro. Esse contexto é ainda agravado pela pandemia de coronavírus e conflitos políticos recentes entre Executivo e Legislativo.
Mesmo sentido das emergentes
A moeda brasileira, em sintonia com os mercados emergentes em geral, também enfrentou saídas contínuas devido à aversão desenfreada ao risco, provocando uma corrida à segurança do dólar.
“Os investimentos do portfólio permanecerão sob a pressão do sentimento global de aversão a risco ao longo dos próximos meses, que manterá o real pressionado durante o restante do ano”, escreveram s economistas da TS Lombard, Wilson Ferrarezi e Elizabeth Johnson.
Fonte: Fiems