A moeda norte-americana subiu 0,98%, a R$ 4,1822 – maior cotação desde o recorde histórico há quase 1 ano.
Por G1
O dólar fechou em alta nesta segunda-feira (2), de olho nas medidas do governo da Argentina que limitam a compra de dólares no país, e em dia de liquidez reduzida por causa do feriado do Dia do Trabalho nos EUA, com os investidores digerindo os dados sobre a China, bem como a entrada em vigor das tarifas dos Estados Unidos.
A moeda norte-americana subiu 0,98%, a R$ 4,1822. Veja mais cotações. É a maior cotação do ano, e também o valor mais alto desde o recorde de R$ 4,1952, atingido em 13 de setembro de 2018.Variação do dólar em 2019Diferença entre o dólar turismo e o comercial, considerando valor de fechamentoEm R$Dólar comercialDólar turismo (sem IOF)28/129/117/128/15/213/221/21/313/321/329/38/416/425/046/514/522/530/57/617/626/64/715/723/731/78/816/826/83,63,844,24,421/3
● Dólar comercial: 3,8009
Fonte: ValorPro
No mês de agosto, o dólar subiu 8,46% – pior desempenho entre emergentes, com exceção do peso argentino, contra o qual o dólar subiu 35,80% no mês. O desempenho do real só não foi pior que o de agosto do ano passado, às vésperas do início da campanha eleitoral, quando o dólar se valorizou 8,49% no Brasil, segundo o ValorPro.
A combinação de juros mais baixos no Brasil, preocupações com a guerra comercial entre EUA e China, incertezas político-econômicas na Argentina, fluxos de saída do mercado local e polêmicas sobre queimadas na Amazônia fez o real amargar a maior desvalorização mensal em um ano.
Já o principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, fechou em baixa nesta segunda, com o setor financeiro pesando negativamente, em dia sem a referência de Wall Street por feriado nos Estados Unidos. O Ibovespa encerrou o pregão em queda de 0,50%, a 100.625 pontos
Cenário local
No plano doméstico, os mercados repercutem ainda a piora na avaliação do governo Bolsonaro, buscando indicações sobre como isso pode afetar a agenda de reformas. A reprovação ao presidente Jair Bolsonaro subiu para 38% em agosto ante 33% em julho, enquanto a aprovação passou de 33% para 29%, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira.
O Banco Central vendeu nesta segunda-feira US$ 450 milhões em moeda à vista em operação simultânea com a colocação de 9 mil contratos de swap cambial reverso.
A turbulência do último mês levou participantes do mercado financeiro a continuar ajustando suas previsões de câmbio para o fim do ano. Segundo a pesquisa Focus, a projeção subiu de R$ 3,80 para R$ 3,85. Já a expectativa para o IPCA voltou a cair, apesar do dólar mais forte: de 3,65% para 3,59%.
Cenário externo
Os investidores acompanham os desdobramentos do controle de capitais anunciado pela Argentina, já que o Brasil tem fortes laços comerciais com a vizinha latino-americana, destaca a Reuters.
O governo argentino determinou limite de compra de US$ 10 mil por mês por pessoa, assim como transferências para o exterior, além de prazo para as exportadoras venderem dólares. As medidas visam estancar a fuga de capital e estabilizar o peso, que se desvalorizou 36,65% frente ao dólar desde o início do ano.
A guerra comercial também segue no foco dos investidores. Os Estados Unidos começaram a impor tarifas de 15% sobre uma variedade de produtos chineses no domingo – incluindo calçados, relógios inteligentes e TVs de tela plana -, enquanto a China começou a cobrar novas tarifas sobre o petróleo norte-americano.
Dados positivos da China, no entanto, ajudam a amenizar a última rodada de tarifas. A produção manufatureira da China aumentou inesperadamente em agosto, mostrou o índice PMI Caixin/Markit, contradizendo um relatório oficial de sábado que mostrou uma contração. No entanto, ambas as pesquisas apontaram para pedidos e confiança comercial fracos devido à guerra comercial.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que os dois lados ainda se encontrarão para negociações no final deste mês.