O dólar fechou em alta nesta sexta-feira (2), de olho na guerra comercial entre China e Estados Unidos após o presidente norte-americano, Donald Trump, dizer que irá impor tarifa adicional sobre importações chinesas.
A moeda norte-americana subiu 1,15%, vendida a R$ 3,8914. É o maior patamar de fechamento do dólar desde 17 de junho (R$ 3,8981). Na semana, a moeda norte-americana subiu 3,17%. Em 2019, acumula ligeira alta de 0,44%.
Guerra comercial preocupa
No exterior, foi desencadeada uma busca por proteção após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar na véspera que aplicará tarifas de 10% sobre US$ 300 bilhões remanescentes em importações chinesas a partir de 1º de setembro.
De acordo com analistas da XP Investimentos, a medida pode impactar o Brasil de duas maneiras: com crescimento menor, “mas difícil de estimar e provavelmente muito marginal” e com possibilidade de novos cortes de juros aqui se o Federal Reserve “acelerar seu passo de cortes, dado que a economia pode ser comprometida com a retaliação à China.”
Após o anúncio de Trump, operadores de juros futuros começaram a remontar posições de que o Federal Reserve (BC dos EUA) reduzirá juros novamente neste ano. Agentes precificam agora mais dois cortes de juros até o fim do ano, incluindo uma confiança quase completa de que o Fed afrouxará a política monetária de novo quando se reunir no próximo mês.
No entanto, o real não se beneficiou nesta sexta-feira da percepção de que o Fed poderia cortar juros. Na avaliação do economista da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, o efeito da nova rodada de tarifas sobre emergentes, mais notadamente o real, é mais negativo do que positivo. Os riscos se sobrepõem a qualquer efeito eventual de corte de juros pelo Fed, que ainda é incerto, segundo ele.
“Talvez estimule algum corte a mais, mas por outro lado o aumento de tarifas pode ter pressões inflacionárias. A equação não é tão simples”, explicou à Reuters.
A guerra comercial preocupa o mercado financeiro na medida em que investidores enxergam que a disputa pode atingir outros países e, portanto, representar uma ameaça à economia global. Diante do cenário de incerteza, os agentes buscam investimentos considerados mais seguros, como o dólar, e o aumento da demanda faz a cotação da moeda norte-americana subir.
Cenário local
No panorama doméstico, investidores se preparam para a retomada dos trabalhos no Congresso após o período de recesso parlamentar. A expectativa é que as matérias econômicas, notadamente a votação em segundo turno da reforma da Previdência, ocorram na próxima semana.
O Banco Central vendeu nesta sexta-feira todos os 11 mil contratos de swap cambial ofertados em leilão para rolagem do vencimento outubro. Em duas operações até agora neste mês, o BC promoveu a rolagem de US$ 1,1 bilhão, de um total de US$ 11,5 bilhões.
Fonte: Fiems