Dólar fecha em alta, à espera de decisões do Fed e BC
O dólar fechou em alta nesta segunda-feira (29), em semana importante de decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) e Banco Central do Brasil, com os mercados ainda de olho nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China. A moeda norte-americana terminou o dia em valorização de 0,29%, vendida a R$ 3,7830.
Na sexta-feira, a moeda norte-americana caiu 0,25%, a R$ 3,7719. Na semana passada, no entanto, houve alta de 0,7%. O mercado volta toda sua atenção nesta semana para as decisões de juros dos bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil, ambas na quarta-feira. Juros futuros precificavam chance maior de um corte de 0,25 ponto percentual pelo Federal Reserve, com apenas uma pequena chance de redução 0,5 ponto percentual, segundo a Reuters.
Com isso, os investidores ficarão de olho em indicações do Fed sobre o rumo futuro de suas decisões de política monetária, em especial após a divulgação de um relatório forte sobre a economia dos EUA na sexta-feira colocar em dúvida a percepção de alguns investidores de que o Fed continuará afrouxando a política monetária.
“No que tange aos movimentos nas taxas em si, o sentimento mais recente é de que o Fomc teria menos motivos para reduzir 50 pontos base já nessa reunião”, avaliou a corretora H.Commcor, em nota, ponderando, porém, que não estão descartadas as possibilidades de cortes nas próximas reuniões.
O mercado monitora pistas sobre o rumo dos juros nos Estados Unidos porque, com taxas mais altas, o país se tornaria mais atraente para investidores. Isso motivaria uma tendência de alta do dólar em relação a moedas como o real. Mas se, ao contrário, o Fed decidir não aumentar os juros agora, recursos aplicados em outros mercados, como o brasileiro, tendem a não migrar para aos Estados Unidos, o que afastaria essa pressão de alta do dólar em relação a outras moedas.
No caso do Brasil, as expectativas de economistas em pesquisa da Reuters apontam que o Copom cortará a Selic em 0,25 ponto percentual na quarta-feira, levando a taxa para uma nova mínima recorde. Também no caso do Copom, participantes do mercado observarão sinalizações da autoridade monetária sobre decisões futuras de juros, dado que a expectativa é que a Selic esteja em 5,50% ao fim deste ano, de acordo com pesquisa Focus divulgada pelo BC.
“Tem essa pressão que esse corte de taxa de juros (do Copom) possa trazer no câmbio e essa pressão pode ser de alta”, explicou a economista da CM Capital Markets, Camila Abdelmalack, acrescentando que essa alta pode ocorrer mesmo com um corte pelo Fed, o que tende a beneficiar o real. Do panorama externo, o mercado também traz no radar a retomada das negociações comerciais entre Estados Unidos e China, com a delegação norte-americana indo a Xangai nesta semana.
Expectativas de progresso durante os dois dias de reuniões são baixas, e autoridades e empresários esperam que os ambos os lados possam ao menos detalhar compromissos para gestos de “boa vontade” e abrir caminho para futuras negociações.
Fonte: Fiems