Traficante conhecido como “Piloto” acompanhava em tempo real as remessas de armas e drogas que enviava do Paraguai para o Brasil
Parte do dinheiro arrecadado no Rio de Janeiro com a venda de armas e drogas era enviada a Marcelo Fernando Pinheiro Veiga, o Marcelo Piloto, através de contas em nomes de laranjas e sacado em Dourados e Ponta Porã – cidades da fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, de onde o traficante comandava o tráfico na capital carioca.
Os detalhes do esquema financeiro do traficante – expulso do Paraguai no dia 19 de novembro após assassinar uma jovem de 18 anos dentro da cela em que estava preso no país vizinho – foi descoberto pela Polícia Federal em 2015. O conteúdo das investigações foi publicado neste domingo (25) pelo Jornal Extra.
Através de monitoramento telefônico, a PF descobriu que, para o dinheiro das vendas de drogas, munições e armas chegar a Marcelo Piloto, eram usadas “contas de passagem” da quadrilha. As quantias arrecadadas eram depositadas em bancos próximo às comunidades onde o grupo atuava.
Os valores eram então sacados rapidamente em agências de cidades da fronteira do país com o Paraguai – Ponta Porã e Dourados em Mato Grosso do Sul e Foz do Iguaçu e Cascavel, no Paraná.
As contas utilizadas pela grupo eram de pessoas físicas e também de empresas, como do ramo de petróleo, produção de eventos e calçados. Na época da operação, a Justiça bloqueou 79 contas bancárias usadas no esquema.
Leonardo Teixeira Cupollilo, o Botafogo, era o responsável pela contabilidade do grupo e um dos principais comparsas de Piloto – apontado pela polícia como o principal fornecedor de droga para a facção carioca Comando Vermelho. O criminoso mantinha o chefe do grupo atualizado sobre os lucros da quadrilha e ainda as quantias depositadas em contas de laranjas.
Botafogo também era responsável pelo recebimento, armazenamento e distribuição de armas e drogas que eram enviadas por Piloto. As investigações captaram ainda uma conversa em que o traficante pede para que o comparsa vá ao Paraguai para discutir mudanças na logística do bando.
Venda de armas – Ainda conforme a reportagem, Piloto acompanhava em tempo real as remessas de armas e drogas que enviava do Paraguai para o Brasil. Através dos diálogos interceptados, que fazem parte de um processo em que o traficante responde por organização criminosa, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Nas conversas os policiais federais descobriram ainda a venda de uma arma, calibre .50. Ela é citada em uma conversa entre Vladimir Queiroz, o Barney, homem de confiança de Piloto no Rio, e Ricardo de Castro Lima, o Fu, chefe do tráfico do Chapadão.
Alegando dificuldades para pagar o metralhadora .50, Fu sugere devolver a arma, mas Piloto “empresta” armamento para o comparsa por mais dois meses. “Ele ‘tá’ usando, né? Você me disse que onde ele vai, ele leva junto com ele”.
As ligações flagraram ainda Piloto debochando da polícia depois de saber do aumento a recompensa por informações que levassem à sua captura. “Esses caras me amam. Não me esquecem. Mas tranquilo. Já tô acostumado”.
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