Dia do Trigo reforça a importância do grão para a economia global
Apesar dos números de relevância, o Brasil ainda não alcançou a autossuficiência na produção do grão
Ontem, 10 de novembro, foi a data escolhida para comemorar o dia de um dos mais importantes cereais cultivados pelo homem. Base da alimentação humana, o trigo é o segundo grão mais produzido no mundo com volume estimado em 730 milhões de toneladas (World Wheat Production 2016/2017), tendo um peso importante na economia agrícola global.
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No Brasil, a maior parte da produção (87%) se encontra na região Sul. Antes, por ser caracterizado como uma cultura de inverno, o trigo era cultivado somente nessa região, mas graças ao avanço da tecnologia foi difundido para o Sudeste e Centro-Oeste.
Atualmente, o Brasil, que é um dos maiores produtores e exportadores mundiais de grãos, ainda se vê diante da necessidade de importação de algumas commodities para atendimento do consumo interno. Esse é o caso do trigo, cuja produção brasileira é notadamente inferior à demanda de abastecimento e faz com que a produção seja totalmente absorvida pelas indústrias nacionais. Em 2017, a produção de trigo no país foi de 4,9 milhões de toneladas e manteve a necessidade de importação em 7,0 milhões de toneladas.
Apesar das estimativas de expansão da produção para os próximos anos, o abastecimento interno ainda é dependente de importações de trigo. A produção do grão não conseguiu atender à demanda interna dos moageiros, tendo em vista outros fatores além do volume de produzido, como logística e armazenamento. Aspectos relacionados à logística de suprimento do trigo influenciam na decisão dos agentes de comercialização e de industrialização do grão, tanto na aquisição como no transporte da matéria-prima.
Mercado paulista
Dono do maior mercado consumidor de derivados do trigo, como pães e massas, São Paulo ainda é um pequeno produtor de trigo perto de outros estados do país. De acordo com o Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo), a área cultivada cresceu 40% e a produção mais de 70% no período de 2013 até 2015, quando o trigo ganhou espaço nas lavouras paulistas. A Conab, em pesquisa de campo, levantou que, na safra de 2015, foram plantados 74,2 mil hectares, o que corresponde a 3% da área nacional.
“O potencial de crescimento em São Paulo é enorme. O estado é atualmente o maior mercado consumidor de farinha de trigo do Brasil, com um consumo per capita de 55 kg, enquanto a média nacional é de 40 kg. Isso dá uma reserva de mercado fantástica para o produtor, que já tem comprador para o seu produto. A produção paulista de trigo supre apenas cerca de 30% da demanda da indústria moageira local, fator que obriga os moinhos a buscarem matéria-prima em outros estados”, afirma o presidente do Sindustrigo, Christian Saigh.
De acordo com o levantamento da Conab – efetuado em setembro de 2016, nas principais áreas produtivas, envolvendo os municípios de Itaberá, Itapeva, Paranapanema e Avaré – as perspectivas da safra de trigo são excelentes, com um trigo apresentando qualidade superior.
“Produzir trigo no estado e vender para os moinhos paulistas não incide em cobrança de ICMS e traz vantagens competitivas com frete, já que a produção está no máximo a 300 km de distância da indústria. O que se produz no estado é rapidamente absorvido pelos moinhos”, completa Saigh. Para abastecer os moinhos de São Paulo, atualmente é preciso comprar trigo do Paraná, Argentina ou América do Norte.
“Nosso maior desafio é tornar o trigo paulista mais competitivo, estimulando o cultivo do grão em novas áreas. São Paulo é hoje um dos estados mais atrativos para produção de trigo no país e tem boas perspectivas de ampliar sua participação no cenário produtivo nacional e ainda contribuir para a ampliação da safra do grão no país”, finaliza Christian.