Delcídio depõe e fala em “operação abafa” em CPI de bicheiro
G1
O ex-senador Delcídio do Amaral prestou depoimento na tarde desta quinta-feira (16) na 7ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro no processo originário da Operação Saqueador. Ele relatou esforços do governo, na ocasião, para “abafar” supostos nomes de empresas ligados ao empresário Adir Assad nas investigações da CPMI do Cachoeira, destinada a investigar as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos e empresas em 2012,.
“O governo percebeu nitidamente que era uma CPI que poderia trazer problemas. Como todo governo faz, quando há risco, abafa”.
Delcidio foi convocado como testemunha no processo originário da operação Saqueador, que segundo o MPF identificou um esquema de lavagem de dinheiro com a empreiteira Delta Construções. Carlinhos Cachoeira foi um dos presos na operação.
De acordo com Delcidio, o suposto esquema de abafar a CPMI do Cachoeira surgiu por que havia várias obras em andamento, além da possibilidade de haver contribuições de campanha. “A CPI, melancolicamente, acabou sem resultado”, disse o ex-senador.
Delcidio disse que o ex-presidente Lula foi um dos incentivadores dessa comissão de inquérito. “Citei o ex-presidente Lula como um dos incentivadores porque a CPI atingiria líderes de oposição forte que está em Goiás. O ex-presidente incentivou de forma que assinasse, que tivesse o número de assinaturas suficiente”. O ex-senador falou ainda que, depois que viu as conseqüências e quem estava envolvido, o próprio governo agiu para enfraquecê-la.
“É aquela história: jabuti em árvore é enchente ou é mão de gente”, afirmou Delcídio, acrescentando, porém, que não acompanhou diretamente as discussões sobre a suposta “operação abafa”, e sim, “por relatos”.
No depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7a Vara Federal Criminal do Rio, Delcidio disse que ouviu falar do nome de Adir Assad na CPI mas não sabe como o empresário agia. “Não tinha detalhes. Só sabe quem acontece em CPI e titular ou suplente”.
De acordo com o ex-senador havia um ranço de revanche na base do governo, principalmente, pela CPI dos Correios, que originou o processo do Mensalão, no Supremo Tribunal Federal (STF). “Existia um ranço da época do Mensalão, principalmente, em relação ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
Segundo Delcidio, houve uma movimentação na oposição do governo para colocar a CPI para atuar. De acordo com ele, a comissão mista do Cachoeira seria uma espécie de “troco” do governo.
“Ficou essa mágoa. Dizem que chumbo trocado não dói. Quando perceberam, o chumbo ia bater em quem estava querendo se vingar. Aí abafaram”, disse.