Como o Google permitiu que você compre apps até na padaria

São Paulo – Para o Google, vai ser um belo negócio quando qualquer pessoa puder comprar apps, vídeos ou assinar serviços em seu Android. Para quem tem está dentro do sistema bancário e tem um cartão de crédito internacional na carteira, isso nunca foi um problema.
Acontece que a maior parte da população brasileira não se encaixa nesse perfil. Aos poucos, o Google vem trabalhando com novas formas de pagamentos—ou “derrubando as dificuldades de pagamentos”, como disse Cristiano Andrade, gerente de parcerias de varejo da empresa.
Ao tornar a Google Play uma loja local, caia a exigência do cartão internacional e também a cobrança do IOF. O próximo passo foram os vales-presente—disponíveis em 3.200 pontos de varejo ao redor do país. Mas não era o suficiente.
“Quando lançamos o vale-presente, identificamos que construir uma cadeia iria levar muito, muito tempo. O varejo no Brasil é muito fragmentado e não teria a capilaridade que queríamos”, disse Andrade a EXAME.com.
A alternativa encontrada pela empresa foi lançada na semana passada. A “Recarga Google Play” usa um sistema familiar para os consumidores brasileiros: o pré-pago. Será possível comprar a partir de 15 reais em créditos que poderão ser gastos em aplicativos, músicas, filmes e assinatura de serviços dentro da loja virtual do Google.
A rede utilizada é a mesma da recarga de celulares pré-pagos. Para os comerciantes, nada muda: as maquininhas receberam uma atualização e agora têm essa opção.
Para os consumidores, por outro lado, mudou bastante. Em vez das 3.200 opções para a compra do vale-presente, agora são mais de 230 mil pontos de venda habilitados—a expectativa é chegar até 300 mil em breve.
Com 75% dos celulares funcionando no sistema pré-pago, o brasileiro está mais do que familiarizado com essa forma de pagamento. “Por outro lado, a nomenclatura de vale-presente pode confundir e remeter mais para algo que você vai dar do que para o uso próprio”, diz Andrade.
Longo desenvolvimento
A novidade demandou grandes esforços da equipe brasileira. De acordo com Andrade, o desenvolvimento do novo sistema levou mais de um ano.
Isso envolveu esforços sobre pagamentos, a briga por priorizar o Brasil entre diversas equipes dentro do Google como empresa global e até mesmo comunicação visual—os pontos de recarga contam com um adesivo especial.
No meio do caminho surgiu um problema inesperado: a nova linguagem visual do Google. “Tivemos que refazer os adesivos por conta da nova logo. Tudo correu com grande sigilo internamento e fomos pegos desprevenidos”, contou Andrade.
Do Brasil para o mundo
A ideia e desenvolvimento da “Recarga Google Play” foi feita no Brasil. Cristiano Andrade não descarta a possibilidade de que a forma de compra de créditos vá para outros países.
Para isso, bastariam alguns ajustes. Apesar de disseminado em outros países, o método de pré-pagamento para usar o celular varia de local para local.
“O ‘Recarga Google Play’ é viável, principalmente em outros países com características parecidas com o Brasil”, diz Andrade.