Há dois fatores fundamentais com maior expressão que estão influenciando os preços neste momento: a volta das negociações entre Estados Unidos e China e a maior ou menor oferta de soja da próxima safra, com discussões sobre as produções dos EUA e do Brasil. A afirmação é do analista da T&F Consultoria Agroeconômica, Luiz Pacheco.
Sobre as negociações em torno da Guerra Comercial EUA/China, Pacheco afirma que há três cenários possíveis: “A atual disponibilidade de soja brasileira da safra 2018/19 está muito limitada. A exportação aumentou consideravelmente e a demanda do mercado interno, com o aumento da produção de carnes para fornecer à China, também. Com isto não se poderá ter uma demanda elástica sobre uma oferta limitada”.
Então, diz ele, duas coisas, ou um “mix das duas”, irá acontecer:
Cenário 1 = EUA e China chegam a um acordo, ainda que parcial em outubro e demanda muda para os EUA; Chicago sobe, os prêmios caem aqui e a soja que resta fica para a indústria. A tendência dos preços será de níveis menores que os atuais.
Cenário 2 = EUA e China não chegam a um acordo, Chicago continua baixo, mas os prêmios seguirão subindo e a indústria de esmagamento de exportação não conseguirá acompanhar os preços – e vai parar. Só ficará moendo o volume para mercado doméstico, que terá que acompanhar os preços mais altos. No cenário 2 a indústria só esmaga para quem pagar o preço da competição. Tendência será de alta nos preços no Brasil.
Cenário 3 = China segue comprando de forma muito calibrada no Brasil, permitindo que algumas plantas moam e outras não, dependendo do estado e local em que elas estejam. Esta seria a forma Mista, em setembro. Tendência dos preços será determinada mais pelo dólar (diríamos 80%) do que pela demanda externa (20%). Poderá haver piques nos preços, quando os dois se encontrarem, que deverão ser aproveitados para vender.
“No Cenário 1 acima, será ruim, porque a demanda se voltará para a soja americana e a tendência será de ‘maior-oferta-sem-demanda’ no Brasil e consequente queda nos preços. No Cenário 2, será ótimo, porque a demanda se voltaria para o Brasil, que daria conta de suprir a China, com provável aumento dos prêmios e dos preços finais para o agricultor. O fator imponderável será a cotação do dólar no período. O cenário 3 seria de compras muito lentas e parceladas da China, para não elevar demais os prêmios; mesmo assim, o resultado final para o agricultor brasileiro seria de preços firmes durante toda a próxima temporada”, conclui Pacheco. AGROLINK