O recuo de 10,9% da produção industrial em maio em relação a abril foi o pior resultado desde dezembro de 2008
POR FOLHAPRESS
ECONOMIA CRISE
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Após um início de ano decepcionante e um segundo trimestre bastante afetado pela paralisação dos caminhoneiros, analistas não descartam um crescimento econômico em um ritmo inferior ao registrado em 2017.
O recuo de 10,9% da produção industrial em maio em relação a abril foi o pior resultado desde dezembro de 2008, durante a crise internacional, quando o arrefecimento da atividade econômica mundial fez a produção recuar 11,2%.
Embora a mediana dos economistas ouvidos pelo Banco Central indique alta do PIB de 1,5% em 2018, alguns cenários alternativos já apontam para algo entre 0,7% e 0,8%.
Há indícios robustos de que a atividade econômica se comportou muito abaixo do esperado no primeiro semestre, o que levou os analistas a uma primeira rodada de revisões.
Em março, a alta esperada para o PIB de 2018 encostava em 3% e alguns economistas falavam em números acima disso.
Mas a realidade se impôs. Um mercado de trabalho que combina alto desemprego e geração de vagas de baixa qualidade, além do ruído político associado ao ciclo eleitoral são apontados como as principais variáveis a pesar num possível novo movimento de correções para o PIB.
Jonathas Goulart, economista da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), não descarta uma alta ao redor de 0,7% da atividade econômica.
A falta de confiança do setor produtivo, diz Goulart, seria o principal motor de uma possível revisão de suas projeções, hoje em 1,7%.
“A indústria precisa entender para onde vai a economia para voltar a fazer investimentos mais significativos e isso depende também das eleições”, diz ele.
David Beker, economista-chefe do BofA (Bank of America Merrill Lynch), prevê alta de 1,5% para o PIB deste ano, mas diz que o ruído político associado ao ciclo eleitoral deve se intensificar nos próximos meses, elevando os riscos para o processo de recuperação econômica.
Num cenário de dúvidas sobre a governabilidade e sobre uma agenda econômica eleitoral que pode ser hostil ao mercado, diz Beker, em relatório, o crescimento poderia ficar em 0,8% neste ano, podendo mesmo cair em 2019.
Maurício Oreng, economista-chefe do Rabobank, diz ser mais fácil ver o PIB mais perto de 1% do que 2% e duas incertezas pesam sobre a premissa.
A primeira delas, diz ele, são dúvidas a respeito de quanto tempo vai levar para os indicadores se recuperarem do tombo registrado em maio.
O setor de comércio e serviços concentram os maiores problemas, diz ele, já que o que o consumidor deixou de comprar em virtude da paralisação dos caminhoneiros ficou para trás. “O fato é que o sujeito deixou de ir ao restaurante naquele momento e isso não tem como recuperar”, diz.
“Embora ainda seja menos provável, as chances de o PIB ficar abaixo de 1% existem”, conclui Oreng. Com informações da Folhapress.
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