Candidatos de Bolsonaro, como Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio de Janeiro, Capitão Wagner (Pros), em Fortaleza, e Delegado Federal Eguchi (Patriota), em Belém, perderam nas urnas
As derrotas de Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio de Janeiro, Capitão Wagner (Pros), em Fortaleza, e Delegado Federal Eguchi (Patriota), em Belém, sacramentaram o naufrágio da maioria dos candidatos para quem o presidente da República pediu voto ou indicou apoio, no primeiro e no segundo turnos.
Ao todo, Bolsonaro declarou adesão abertamente a 63 candidatos em todo o país, a quase totalidade durante as suas “lives eleitorais gratuitas”. Foram 18 a prefeito, 1 a senador (Mato Grosso teve eleição suplementar, no primeiro turno) e 44 a vereador.
Apenas 11 candidatos a vereador e 5 a prefeito foram eleitos –desses, apenas um de capital, Tião Bocalom (PP), em Rio Branco.
Nas quatro maiores cidades do país em que fez campanha aberta para algum candidato, o presidente não conseguiu sucesso. Além de Crivella e Wagner, Bolsonaro se empenhou pela eleição de Celso Russomanno (Republicanos-SP), que saiu da liderança das pesquisas para terminar em quarto na disputa pela Prefeitura de São Paulo, e Bruno Engler (PRTB), que não teve nem 10% dos votos válidos em Belo Horizonte. Esses dois últimos resultados foram definidos ainda no primeiro turno.
Após o fiasco na primeira etapa, Bolsonaro passou a divulgar apoio a outros candidatos às vésperas do segundo turno, a maior parte deles já franco favoritos àquela altura da disputa.
Um deles foi Roberto Naves (PP), que quase havia vencido no primeiro turno em Anápolis (GO). Ele confirmou o favoritismo e derrotou o petista Antonio Gomide.
Eguchi, que buscou associar seu nome a Bolsonaro, ganhou apoio do presidente por meio de um comentário uma de suas redes sociais.
Veja a seguir a lista completa dos 60 candidatos a prefeito, vereador e senador apoiados por Bolsonaro no primeiro e no segundo turnos e o resultado obtido por cada um.
Na eleição de vereadores, seu filho Carlos Bolsonaro (Republicanos), candidato à reeleição para vereador no Rio de Janeiro, foi reeleito, mas encolheu mais de 35 mil votos em relação a 2016, quando foi o campeão na capital do estado. Ele ficou em segundo, com 71 mil votos, perdendo o posto para o oposicionista Tarcisio Motta (PSOL), que teve 86.243 votos.
Wal do Açai, funcionária fantasma de seu gabinete da Câmara dos Deputados, conforme revelado em reportagens do jornal Folha de S.Paulo, também recebeu o apoio em peso da família Bolsonaro, incluindo o do próprio presidente, mas não conseguiu se eleger vereadora em Angra dos Reis (RJ). Teve apenas 266 votos.
Abilio (Podemos), também vinculou fortemente seu nome ao presidente na disputa pela Prefeitura de Cuiabá, mesmo sem receber apoio direto, mas acabou sendo derrotado no segundo turno.
Durante a divulgação dos resultados do primeiro turno, Bolsonaro publicou em suas redes um texto rejeitando o revés e afirmando que, em sua visão, a esquerda é que havia sofrido uma “derrota histórica”.
O presidente foi o principal beneficiado com a onda conservadora e antipolítica que marcou as eleições de 2018. Além de ter sido eleito mesmo tendo promovido uma campanha caótica, sem quase nenhum amparo partidário e contrariando praticamente todas as previsões do mundo político, ele viu triunfar nas urnas uma legião de políticos que buscaram se associar ao seu nome.
Entre eles estavam os governadores eleitos dos três principais estados do país –João Doria (PSDB-SP), Wilson Witzel (PSC-RJ) e Romeu Zema (Novo-MG).
Os dois primeiros acabaram rompendo e virando adversários de Bolsonaro. Doria é visto como um dos principais nomes que devem concorrer contra o presidente nas eleições de 2022.
O abalo no status quo político há dois anos animou candidatos do entorno bolsonarista que mantêm o foco no discurso antipolítica a tentar a sorte.
Após um início em que titubeou em entrar na campanha de aliados, Bolsonaro acabou anunciando apoios a determinados candidatos. As pesquisas do Datafolha e Ibope mostraram em todo o percurso da campanha, porém, que nomes apoiados pelo presidente nas principais disputas ou que, mesmo sem a menção direta, procuraram se associar à imagem de Bolsonaro, não figuraram em boa posição na maioria dos casos.
Conforme a Folha de S.Paulo publicou no final de outubro, em apenas 3 das 26 capitais candidatos a prefeito alinhados ao presidente apareciam à frente nas pesquisas. A maioria estava embolada com outros candidatos nas últimas colocações, cenário que acabou sendo confirmado pelas urnas.