Com forte crescimento econômico, Paraguai desponta no cenário internacional

O presidente do Paraguai, Horacio Cartes, ao lado da diretora-geral do FMI, Christine Lagarde. REUTERS/Jorge Adorno

Pequeno, sem saída ao mar, porém despontando no cenário internacional graças ao crescimento econômico contínuo. Estamos falando do Paraguai, este país de pouco menos de sete milhões de habitantes. Christine Lagarde, diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) visita Assunção nesta semana.

Elianah Jorge, correspondente da RFI na América do Sul

Christine Lagarde chegou na terça-feira (13) à capital paraguaia, onde foi recebida pelo presidente Horacio Cartes, com quem teve uma “reunião muito produtiva”, segundo a própria diretora-geral do FMI. Ela parabenizou Cartes, afirmando que o Paraguai tem uma das economias mais sólidas da América Latina, sobretudo em um ambiente não favorável, em referência à recessão que afetou Brasil e Argentina, os vizinhos e principais parceiros comerciais do país.

Nos últimos 24 anos esta é a primeira visita de um alto funcionário do FMI ao Paraguai. Este contato significa um reconhecimento da esfera internacional à economia do país, que sinaliza aos futuros investidores que o Paraguai é um país confiável. Segundo Christine Lagarde, é provável que o FMI tenha que rever a previsão de crescimento do país, que deve ser de mais de 4% este ano – um dos níveis mais altos da região.

O Banco Central do Paraguai realiza nesta quarta-feira (14) um concorrido evento com a presença da diretora-geral do FMI, “América Latina e o FMI: conversando com Christine Lagarde”.

Firmeza no cenário econômico internacional

O Paraguai deixou de ser o país do contrabando, como era chamado no Brasil durante muitos anos, para se tornar o novo líder emergente da América do Sul. Com quase sete milhões de habitantes, o crescimento paraguaio tem chamado atenção e foi tema de análise da “Forbes”. A revista, que é uma das mais conceituadas no mundo dos negócios, destaca que o país escapou da dependência da exportação das commodities, no caso a soja e a carne, para diversificar sua base econômica.

Até 2012 a agricultura era responsável por quase um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) do país, enquanto a dos setores industriais e de construção civil correspondiam a pouco mais de 6%. Hoje em dia estes dois setores representam 20%, e o do agronegócio significa 15% do PIB, de acordo com a Lea Gimenez, a ministra de Finanças do Paraguai.

Para analistas, o “Plano Nacional de Desenvolvimento para o período 2014-2030”, organizado pelo governo de Horacio Cartes, enfocou a redução da pobreza reforçando o desenvolvimento social e o crescimento global, fatores que conduziram o país a este posicionamento no cenário internacional. O país supera hoje o Brasil e a Argentina na confiança dos investidores internacionais. Segundo agências de qualificação de risco, o Paraguai deve atingir o grau de investimento ainda este ano.

Modernização do Paraguai

Por anos o país sofreu com as consequências de guerras e de disputas políticas que geraram um entrave no crescimento, inclusive, físico da capital. Assunção é historicamente considerada a “mãe das cidades” por ter sido o ponto de partida para expedições rumo à conquista da região da Bacia do Prata, há quase cinco séculos.

Muitos dos pequenos edifícios da capital estão ganhando imponentes vizinhos. As novas construções são consideradas o símbolo da modernização do Paraguai ou dos novos investimentos que o país vem recebendo. Um deles é o Paseo La Galeria, um complexo comercial, corporativo e hoteleiro avaliado em U$ 300 milhões.

O shopping do local já começa a receber marcas de renome internacional de que ainda não haviam chegado ao Paraguai. Outra mudança é a ampliação do acesso à internet em boa parte do país.

Brasil, um dos principais parceiros comerciais do Paraguai

O Brasil sempre foi o principal comprador da produção paraguaia. Agora o Paraguai está vivendo uma onda de investimentos estrangeiros, tanto dos países vizinhos, como de outros da Europa, Ásia e Oceania.

A competitividade oferecida pelo Paraguai, entre elas os baixos impostos e custos trabalhistas, têm atraído empresas brasileiras, o que rendeu ao país o apelido de “a China do Brasil”. Mas essa situação vem gerando um certo incômodo entre o empresariado e setores políticos brasileiros que estão perdendo mercado.

Apesar de ser um pequeno país, a produção paraguaia tende a se estender aos mercados do Brasil e da Argentina, o que significa um alcance a cerca de 250 milhões de habitantes e possíveis novos compradores.
Publicidade