Com fim das buscas, professor deve ser indiciado por estupro e morte de Kauan
Após quase uma semana de trabalho e mais de 15 quilômetros do Córrego Anhanduí vistoriados, as buscas pelo corpo de Kauan Andrade Soares, de 9 anos, foram suspensas. O inquérito pelo abuso e exploração sexual deve ser encerrado nesta sexta-feira (28), mas outras duas investigações, por homicídio, ocultação de cadáver e posse de pornografia, não têm prazo, segundo a Polícia Civil.
De acordo com o delegado da Depca (Delegacia Especializada de Atendimento a Criança e ao Adolescente), Paulo Sérgio Lauretto, o professor de 38 anos, principal suspeito pela morte de Kauan, deve ser indiciado pelos três crimes, mesmo negando. “Temos indícios suficientes para a culpa dele, por mais que ele negue os crimes”, disse.
Lauretto ainda disse que mais oito vítimas do professor foram identificadas e já prestaram depoimento. As vítimas, todos meninos, tinham idade entre 9 e 12 anos, e segundo o delegado moravam na região.
Ainda segundo informações, as crianças atraídas eram recompensadas com dinheiro e, caso levassem mais uma criança para o suspeito, ‘ganhavam’ R$ 50 do professor. No dia de sua prisão na última sexta-feira (21), ele teria entregue o celular para os policiais afirmando que ‘não tinha nada a esconder’. Mas, no aparelho foram encontrados vídeos pornográficos, cenas dele fazendo sexo com uma possível aluna e portando armas de fogo.
No celular os agentes da Polícia Civil encontraram cenas de sexo explícito. Em uma delas, aparece o suspeito e uma menina. Ele identificou a jovem à polícia pelo primeiro nome e disse que ela teria 17 anos. A garota seria moradora de um bairro da região sul de Campo Grande, onde o suspeito já deu aula em uma escola municipal.
No domingo (23), ele conseguiu a liberdade pelo crime de possuir imagens pornográficas envolvendo crianças e adolescentes, mas vai permanecer preso preventivamente pelos crimes de estupro e exploração sexual.
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As buscas
Foram cinco dias de buscas pelo corpo de Kauan Andrade, de 9 anos, no Córrego Anhanduí, em Campo Grande. O Corpo de Bombeiros percorreu aproximadamente 12 quilômetros pelas margens secas do córrego, além de usar botes e mergulhadores na tentativa de achar o garoto.
Acredita-se que Kauan poderia estar preso em uma pedra ou galho, e um pente fino foi feito, mas nada foi encontrado.
Caso
Kauan desapareceu da casa da família, no Aero Rancho, no dia 25 de junho. O menino cuidava carros na região quando foi visto pela última vez. A família registrou boletim de ocorrência e as investigações foram realizadas pela Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente). Foram mais de 20 dias sem notícias até o último sábado (22), quando o caso foi esclarecido.
Durante as investigações do desaparecimento, um adolescente de 14 anos acabou apreendido por envolvimento no crime. Ele relatou à polícia que atraiu Kauan na noite do dia 25 de junho para a casa do pedófilo. A criança teria falecido enquanto era violentada.
Com Kauan inconsciente, não se sabe ainda se desmaiado ou já sem vida, os suspeitos colocaram o corpo do menino em saco plástico e ‘desovaram’ no Córrego Anhanduí, por volta da 1 hora do dia 26 de junho.
O pedófilo suspeito de matar Kauan nega as acusações, mas de acordo com o delegado Paulo Sérgio Lauretto, o depoimento do adolescente e os fatos já confirmados pela perícia, na casa do revendedor de celulares, não deixam dúvidas da autoria.