Com colheita em andamento, previsões sobre safra de soja ainda divergem
O início da colheita de soja no Brasil e as implicações de um clima influenciado pelo fenômeno climático El Niño mantêm analistas e entidades do setor agrícola com razoáveis divergências sobre o tamanho da nova safra no país, apontou uma pesquisa da Reuters nesta sexta-feira.
A média de 19 fontes consultadas apontou que a safra nacional 2015/16 deverá atingir 100,1 milhões de toneladas, mas há uma diferença de pouco mais de 6 milhões de toneladas – equivalente a quase uma safra inteira do Paraguai – entre a projeção mais alta, de 103 milhões, e a mais baixa, 97 milhões de toneladas.
Na pesquisa do início de janeiro, a média das projeções havia sido de 100,5 milhões de toneladas, também com uma diferença de mais de 6 milhões de toneladas entre a previsão mais otimista e a mais pessimista.
Metade das fontes atualizaram suas previsões ao longo desta primeira semana de fevereiro, em meio a uma aceleração da colheita em importantes Estados produtores como Mato Grosso e Paraná.
Na quinta-feira, por exemplo, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu sua previsão para a safra 2015/16 para 100,9 milhões de toneladas, ante 102,1 milhões de toneladas na previsão de janeiro, devido principalmente a uma queda nas produtividades em Mato Grosso, Goiás e no Nordeste, que foi apenas parcialmente compensada por aumento no plantio no Rio Grande do Sul.
Poucas horas depois, a consultoria AGR Brasil, sediada em Chicago, elevou sua previsão para 102,7 milhões de toneladas, ante previsão de 101,1 milhões de toneladas feita em janeiro, com melhoria nas expectativas para os três principais Estados produtores, especialmente em Mato Grosso.
Também nesta semana, as corretoras Cerealpar e Labhoro estimaram a colheita do Brasil em 99,5 milhões e 97,8 milhões de toneladas, respectivamente.
Já a empresa de previsão de safras Lanworth projetou a produção da oleaginosa em 103 milhões de toneladas.
A consultoria Safras & Mercado, que estima produção de 99,8 milhões de toneladas na temporada, disse nesta sexta-feira que os trabalhos de colheita já avançam para 8,4 por cento da área total semeada no país.
A atual temporada tem sido marcada pelos efeitos de uma das ocorrências mais fortes já registradas do fenômeno El Niño, com chuvas abundantes no Sul e irregularidade nas precipitações no Centro-Oeste, principalmente em Mato Grosso.
Ainda em meados janeiro, produtores de soja entrevistados pela Reuters no médio-norte de Mato Grosso relatavam produtividades bastante diversas, após um período de chuvas bastante irregulares em dezembro.
“Estou há 38 anos aqui. Nunca vi clima igual. Já vi perder soja com chuva, mas nunca com sol”, resumiu na época o agricultor Sesino Enzweiler, de Sinop, no norte de Mato Grosso.
O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) informou nesta sexta-feira que a produtividade média do Estado melhorou quase 6 por cento na última semana, indicando que as lavouras plantadas mais tardiamente sofreram menos com a seca.
Fonte: Reuters