Com aumento de mortes, Manaus passa a ter enterros noturnos e caixões empilhados em cemitério

Há uma semana, média é de 100 sepultamentos por dia na capital amazonense.

Por G1 AM*

Com aumento no número de mortes e o risco de colapso no sistema funerário, Manaus teve enterros noturnos nesta segunda-feira (27). A média já é de 100 sepultamentos por dia e os corpos passaram a ser empilhados na mesma vala comum no Cemitério Nossa Senhora de Aparecida, o principal da cidade.

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Coronavírus: em Manaus, funerárias fazem enterros à noite com caixões empilhados

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Na noite desta segunda-feira (27), a Rede Amazônica flagrou o movimento no cemitério, que realizava enterros com a ajuda de refletores para iluminar sepulturas e máquinas. Os caixões agora dividem a mesma cova, separados apenas por uma tábua. Até esta segunda, o Amazonas já registrava mais de 3,9 mil casos de Covid-19 – com 320 mortes.

Em nota, a Prefeitura de Manaus disse que o cemitério segue com horário de funcionamento das 8h às 17h, mas que “para atender a demanda do dia os enterros são estendidos para as famílias que já estão no interior do espaço”.

Refletores iluminam caixões e máquinas para enterros em massa, em Manaus. — Foto: Chico Batata/Divulgação
Refletores iluminam caixões e máquinas para enterros em massa, em Manaus. — Foto: Chico Batata/Divulgação

Refletores iluminam caixões e máquinas para enterros em massa, em Manaus. — Foto: Chico Batata/Divulgação

‘Me sinto humilhado’

A situação é desesperadora para várias famílias que lamentam a falta de respeito na hora de se despedir de parentes. Leonardo Garcia, que aguardava no cemitério desde a manhã desta segunda para enterrar o pai, que morreu por causas naturais, se diz revoltado.

“Querem enterrar vários corpos. Um em cima do outro. Não há respeito algum. Disseram que não tem espaço e a única saída é enterrar os corpos empilhados. Me sinto humilhado”, lamentou.

Renata Santos também estava no cemitério à noite. Ela precisou enterrar a mãe em uma das valas comuns, junto com outros caixões desconhecidos.

“Estamos cansados, sofrendo… Passamos por situações muito difíceis”, comentou.