Segundo o gerente da propriedade, problema é reflexo da menor disponibilidade de caminhões para puxar a safra neste momento na região norte do estadoCOMPARTILHE NO WHATSAPP21 de julho de 2020 às 11h41Por Luiz Patroni, de Cuiabá (MT)
Foto: divulgação
A colheita da segunda safra de milho está acelerada na Fazenda Santa Margarida, em Peixoto de Azevedo, região norte de Mato Grosso. Pelo menos 80% da área de oito mil hectares já foram colhidos. Num ano marcado pelo forte ritmo das vendas do grão (87% da produção no estado já foram comercializados, segundo o Imea), a propriedade também intensificou as negociações e já vendeu 93% de todo milho que deve colher. Mesmo assim, quem passa em frente à propriedade se depara com uma cena que chama atenção: uma imensa montanha de milho a céu aberto.
O armazém da fazenda, com capacidade para estocar 220 mil sacas do grão, está lotado há praticamente um mês. Do lado de fora, pelo menos 230 mil sacas se acumulam ao relento.
Gerente da fazenda, Gilberto Pereira de Souza diz que o problema é reflexo da menor disponibilidade de caminhões para puxar a safra. “O embarque está muito lento. Precisávamos retirar entre 20 e 25 caminhões de milho por dia, mas estamos retirando apenas 10 em média”, comenta.
O problema, segundo ele, é decorrente de uma soma de fatores. “Quem retira o milho aqui é a trading que comprou o grão. Ele sai daqui e vai direto para o porto de Miritituba, no Pará. Como tem muito milho sendo levado para os portos agora, muitos caminhoneiros dão preferência aos fretes que passam por estradas melhores que a nossa”, afirma Souza.
Foto: divulgação
O acesso até a fazenda é pela estrada E-60, que já foi alvo de muita reclamação dos produtores pelas condições ruins. “Hoje, a estrada está melhor; nós, produtores, arrumamos. Mas a ‘fama’ de uma estrada ruim permanece entre os motoristas, e muitos acabam evitando puxar frete nesta região”, comenta o agricultor Orcival Guimarães, um dos sócios da Fazenda Santa Margarida.
Infraestrutura na região
Segundo Edeon Ferreira, diretor-executivo do Movimento Pró-logística, embora os “apagões logísticos” sejam recorrentes em Mato Grosso, a situação registrada em Peixoto de Azevedo – por enquanto – é pontual. “Municípios como Peixoto de Azevedo e Matupá, na região norte, são relativamente ‘novos’ na agricultura. Consequentemente, são mais carentes de infraestrutura logística. Nesta safra, ainda não observamos outras situações semelhantes”, comenta.
Mato Grosso produz mais de 68 milhões de toneladas de soja e milho, mas tem capacidade estática para estocar pouco mais da metade desse volume (37 milhões ton).
O gerente Gilberto Pereira de Souza explica a situação da propriedade em Peixoto de Azevedo: