Homem identificado apenas como paciente de Londres foi submetido a um transplante de células tronco em 2016, por causa de um câncer. Doador tinha mutação genética que confere resistência natural ao HIV e transplante mudou o sistema imunológico do paciente. Único outro caso conhecido aconteceu há quase 12 anos, também após transplante.
Pesquisadores dizem que um homem de Londres parece estar livre do vírus da Aids após um transplante de células tronco. É o segundo caso de sucesso, depois que o “paciente de Berlin”, Timothy Ray Brown, foi curado há quase 12 anos.
Tais transplantes são perigosos e falharam em outros pacientes. As novas descobertas foram publicadas online nesta segunda-feira (4) pela revista Nature. Os detalhes serão divulgados em uma conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas em Seattle.
O paciente de Londres não foi identificado. Ele foi diagnosticado com HIV em 2003. O homem desenvolveu câncer e concordou com um transplante de células-tronco para tratar essa doença em 2016.
Seus médicos encontraram um doador com uma mutação genética que confere resistência natural ao HIV.
O transplante mudou o sistema imunológico do paciente de Londres, dando a ele a resistência do doador ao HIV, segundo a Associated Press.
Publicamente, os cientistas ainda se referem ao caso como uma “remissão de longo termo” e alguns não garantem que o vírus não irá retornar ao organismo do paciente.
Mas muitos especialistas chamam de cura, segundo o “New York Times”, com a ressalva de que é difícil saber como definir a palavra quando há apenas duas instâncias conhecidas.
Embora afirmem que o transplante não é uma opção viável para o tratamento da Aids, médicos acreditam que o caso do paciente de Londres é um grande avanço.
“Isso vai inspirar as pessoas que a cura não é um sonho”, disse Annemarie Wensing, virologista do Centro Médico da Universidade de Utrecht, na Holanda, ao “NY Times”. “É alcançável.”
Paciente de Berlim
O primeiro caso conhecido de cura foi o de Timothy Ray Brown, relatado em 2007. Inicialmente, ele ficou conhecido apenas como o “paciente de Berlim”. Brown, que hoje tem 52 anos e vive em Palm Springs, na Califórnia, teve leucemia e foi submetido a quimioterapia.
Quando esse tratamento não funcionou, ele foi submetido a dois transplantes de medula óssea, e seu doador também tinha uma mutação genética em uma proteína chamada CCR5, que repousa sobre a superfície de certas células do sistema imunológico. O H.I.V. usa a proteína para entrar nessas células, mas não consegue aderir à versão mutante.
Brown recebeu drogas imunossupressoras que não são mais usadas e teve sérias complicações após a cirurgia. Ele quase morreu, mas depois de se recuperar totalmente os médicos constataram que ele estava curado da infecção pelo HIV.
O paciente de Londres sofria de linfoma de Hodgkin e também recebeu um transplante de medula óssea de um doador com mutação genética na CCR5, em maio de 2016.
Fonte: G 1