“Só fica girando a bolinha no celular e não pega”. “É horrível”. “Realmente, aqui o sinal é muito ruim”. “Nossa, a conexão aqui é terrível. Quando chove então, acaba na hora”. É só questionar os moradores de Porto Murtinho, município localizado na fronteira do Brasil com o Paraguai, que os depoimentos sobre a internet na região são unânimes e todo mundo sofre.
A enfermeira da Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica de Porto Murtinho, Anne Grubert Fernandes, de 41 anos, precisa estar conectada o tempo todo para encaminhar as notificações da área da saúde do município. Há seis meses, no entanto, ela alega que a rotina possui um único problema: a conexão com a internet.
“Nós é quem abastecemos o Sinan [Sistema de Informação de Agravos de Notificação] sobre qualquer notificação do município. Tudo o que ocorre de agravo, como casos de Covid por exemplo, precisa ser notificado e daí quando cai a internet o pessoal fica doido, correndo atrás de alternativas”, comentou Fernandes.
Uma delas, de acordo com a enfermeira, é os moradores adquirirem um chip paraguaio da Tigo. “O pessoal compra o chip de outro país e pega muito rápido. É uma internet 5G, que atravessa o rio e o sinal é ótimo aqui. O wi-fi também é muito precário, então, o pessoal aqui considera a internet do Paraguai a melhor que tem”, explicou.
Quando o som do restaurante para, é a internet
O gerente de um restaurante em Porto Murtinho, Mervyn Lobo, de 64 anos, também lamenta a precariedade do sinal de internet. Morando há 4 meses na cidade para ficar mais perto da filha, ele fala que não foi nem a temperatura alta “o que mais estranhou”, mas sim a qualidade da internet.
“Eu vim da cidade de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, com mais de um milhão de habitantes. A intenção era só ficar uns dias para visitar minha filha, mas, acabei gostando e arrumei um emprego bem ao lado dela. E a primeira coisa que vi lá é a internet ruim, oscilando o tempo todo. Quando a música do restaurante para, que é conectada no Youtube, a gente já sabe que é porque a internet caiu”, ressaltou o gerente.
Durante o trabalho, ele disse que presenciou, ao menos quatro vezes, o estabelecimento comercial por dias sem internet. “Aqui é bem quente, mas, durante a noite refresca e até os mosquitos vão embora. Só que a internet não, é ruim o tempo todo. Quando chove então ou faz qualquer vento, cai o sinal rapidão. Agora estão começando a colocar fibra óptica, vamos ver se melhora”, falou.
A assistente social Elaine Mendes, de 34 anos, ressalta que já adquiriu o chip paraguaio para ter internet. “É muito ruim mesmo, fica oscilando. O chip paraguaio, ao contrário, é só instalar que conecta rapidão. O pessoal sofre mesmo”, lamentou.
O gerente de uma farmácia da cidade, Sidney Marques Pereira, de 43 anos, diz que mora no município há 10 anos. Ele lamenta a dificuldade em acessar a internet e fala que o setor público deve se preocupar em resolver o problema o quanto antes, já que a cidade está recebendo investimentos e novo público por conta da rota bioceânica. “A internet precisa caminhar com o desenvolvimento da cidade”, alegou.
Prefeito diz que sinal vai melhorar
O prefeito Nelson Cintra (PSDB) reconhece que a internet é ruim no município. Segundo ele, o problema está sendo solucionado com a instalação de fibra óptica não só em Porto Murtinho, mas, com um projeto que se estende até os municípios de Dourados, Ponta Porã, Antônio João e Bela Vista.
“Aqui era uma cidade isolada, mas, todos os olhos estão voltados para Porto Murtinho agora. Estamos sendo procurados por grandes empresários e o governo também está nos ajudando nesta questão. Nos próximos meses, o problema será solucionado e a internet terá forte sinal. Realmente esta questão de comprar chip existe, mas, em breve nada mais vai interferir nesta questão”, argumentou. MIDIAMAX