Brigas, agressões, separação: O caso da arquiteta queimada viva dentro de carro em Campo Grande pelo ex-marido

A arquiteta, Eliane Nogueira (Foto: Arquivo Pessoal)

Um caso de relacionamento conturbado com idas e vindas, marcado por ciúmes, agressões e acusação de traição acabou em tragédia com o assassinato da arquiteta Eliane Nogueira, morta asfixiada e queimada viva, no dia 2 de julho de 2010, em Campo Grande. Câmeras de segurança ajudaram na elucidação do caso pela polícia.

Luiz Afonso Santos de Andrade acabou condenado a 20 anos pelo homicídio da arquiteta, mas já está em livramento condicional desde 2019, no Paraná — ele pediu a sua transferência no dia 13 de agosto de 2019 para Curitiba para cuidar da mãe que estava com demência, já que ele não tinha como arcar com as despesas de uma cuidadora. Em 2017, Luiz conseguiu a progressão para o semiaberto após a remição de trabalhos feitos durante o encarceramento por descontos na pena aplicada pelo crime.

O pedido foi deferido pela Justiça de Mato Grosso do Sul e, desde 2019, Luiz está em liberdade condicional no Paraná. Luiz foi condenado por homicídio já que em 2011 não existia a tipificação de feminicídio, o que poderia elevar a condenação de Luiz em pelo menos mais quatro, cinco anos, segundo advogados da área.

A tipificação do crime de feminicídio entrou em vigor no dia 9 de março de 2015, ou seja, quatro anos após a condenação de Luiz por homicídio e destruição de cadáver. Na prisão, Luiz trocou dias trabalhados por diminuição na pena, como também fez cursos profissionalizantes — uma maneira de atenuar mais ainda a pena.

Jornal Midiamax entrou em contato com o advogado de Luiz Afonso, que o defendeu na época, para falar sobre o caso, mas até o fechamento da matéria não obtivemos resposta.

O que aconteceu no dia da morte de Eliane?

O casal que já estava separado resolveu ir junto a um evento já que o escritório da arquiteta e a loja de Luiz eram convidados do evento. Nessa noite, ele passou na casa de Eliane para irem juntos à festa, já que a arquiteta teria dito a ele que não queria chegar sozinha ao local. Antes de saírem, ele subiu até o apartamento e ficaram conversando no quarto enquanto ela se arrumava. 

Já no evento, Luiz contou que os dois circularam juntos, inclusive, houve trocas de carícias entre o casal, que saiu da festa e Eliane queria ir a um restaurante jantar, mas devido à hora avançada não conseguiram encontrar nenhum estabelecimento aberto. A arquiteta, então, sugeriu que Luiz fosse para sua casa para os dois jantarem, mas o que foi negado por ele. 

Luiz ainda falou que saiu do carro e foi a pé até o apartamento de Eliane para buscar seu carro que havia deixado estacionado no local. Ele teria andado por pelo menos quatro quadras. Ela o seguiu e não teria deixado ele entrar no veículo, momento em que Luiz teria decido ir embora e novamente teria sido seguido pela arquiteta.

Nesse meio tempo, os dois passaram a brigar no meio da rua e Luiz afirma que foi agredido a unhadas por Eliane e para contê-la aplicou uma gravata a arrastando pelo pescoço até o carro, onde a colocou no banco traseiro do veículo. 

Luiz contou que achou que Eliane estava morta já que não sentia a respiração da arquiteta e nem a pulsação. “Acho que coloquei força demais”, disse ele em depoimento, na época. Após isso, Luiz foi até uma conveniência, localizada na Rua Três Barras, onde comprou cigarros e fósforo, depois foi até a sua loja onde pegou um solvente.

Daí em diante, Luiz acabou ateando fogo no carro onde estava a vítima. Ele ainda relatou ter a intenção de se matar, mas quando o fogo começou saiu correndo do carro. No processo, o MPMS (Ministério Público Estadual) afirma que: “A pessoa que tem a intenção de tirar a própria vida encontra-se em estado de confusão mental, e não permite aferição de forma racional do ato cometido”. 

Sobre o local onde o carro foi queimado junto com o corpo da arquiteta, Luiz disse que não escolheu o local. Segundo ele, apenas passou a dirigir, quando chegou e acabou colocando fogo no carro.

Câmeras de segurança ajudaram na elucidação do caso

Câmeras de segurança da conveniência da Rua Três Barras acabaram ajudando na elucidação do caso, já que com as imagens foi possível ver quando Luiz vai até o estabelecimento para comprar fósforos e cigarros. Na época, foi dito pelo dono da conveniência que Luiz ainda teria pedido álcool, mas acabou não levando.

Após a compra dos cigarros e fósforos, Luiz vai embora em direção ao carro onde estava o corpo de Eliane e depois de alguns minutos, segundo informações da época, ele volta, passa novamente na conveniência, compra uma cerveja e vai embora. MIDIAMAX