Ataque ocorreu ontem à noite na fazenda Ñandu’í, na Colônia Ararokẽ, Departamento de Amambay
Helio de Freitas, de Dourados
O brasileiro Avelino Camargo foi morto na noite desta segunda-feira (8) por guerrilheiros do grupo terrorista EPP (Exército do Povo Paraguaio), que há vários anos desafia o governo do país vizinho promovendo ataques a propriedades rurais e povoados dos departamentos (estados) de San Pedro e Amambay.
De acordo com a polícia paraguaia, Camargo era capataz da Fazenda Ñandu’í, localizada na Colônia Ararokẽ, a 75 km de Pedro Juan Caballero, cidade vizinha de Ponta Porã (MS). A fazenda pertence aos brasileiros Darci e Iracy Antoniolli.
Por volta de 22h de ontem, o grupo formado por pelo menos 20 guerrilheiros, vestidos com roupas camufladas e usando armas semiautomáticas, invadiu a propriedade e matou o brasileiro.
Na fazenda foram encontrados cartazes assinados pela “Brigada Indígena contra Matadores de Fazenda”. Para representantes da FTC (Força-Tarefa Conjunta) – grupo formado por policiais e homens das Forças Armadas paraguaias que luta contra o EPP – a guerrilha está recrutando índios paraguaios para reforçar suas fileiras.
Em comunicado divulgado hoje, o Comando de Operações de Defesa Interna do Paraguai informou que testemunhas identificaram como líder o guerrilheiro Osvaldo Daniel Villalba Ayala, um dos principais cabeças do EPP.
Além de executarem o brasileiro, os guerrilheiros queimaram o galpão, a oficina mecânica, a casa da sede da fazenda, a casa dos empregados uma carreta Scania, tratores com os implementos agrícolas e uma caminhonete. Também roubaram objetos e alimentos encontrados nas casas.
Luis Apesteguia, porta voz da FTC, informou que pelo menos 17 funcionários, entre eles mulheres e crianças, estavam na fazenda e passaram momentos de terror na mira das armas enquanto a quadrilha queimava tudo o que achava pela frente. Segundo o porta-voz, os terroristas não mencionaram a causa do ataque, apenas que estavam na fazenda para matar o administrador.
O EPP já sequestrou várias pessoas no Paraguai. Algumas foram libertadas após o pagamento de resgate, mas o policial Edelio Morínigo está nas mãos dos guerrilheiros há cinco anos.
Na semana passada, a mãe do suboficial, Obdulia Florenciano, recebeu a visita do presidente paraguaio Mario Abdo Benítez. O principal mandatário do país disse à mãe de Edelio o que todos já sabiam: o governo não tem informações sobre o paradeiro do policial, nem mesmo se ele ainda está vivo. CGNEWS