Maior exportador global da commodity, o Brasil também semeará históricos 36,13 milhões de hectares com soja
O Brasil produzirá um recorde de quase 121 milhões de toneladas de soja na atual safra 2018/19, mostrou uma pesquisa da Reuters divulgada nesta sexta-feira, com o mercado já atento às condições para a colheita, cujo início, antecipado, está previsto para dezembro.
De acordo com a média de estimativas de 13 consultorias e entidades, o país deverá colher 120,76 milhões de toneladas da oleaginosa neste ciclo, alta de 1,2 por cento sobre o registrado na temporada passada.
Os números só não são maiores porque as estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) são conservadoras.
Maior exportador global da commodity, o Brasil também semeará históricos 36,13 milhões de hectares com soja, 2,8 por cento acima do visto em 2017/18, conforme o levantamento.
Na pesquisa anterior, de outubro, a produção estava projetada em 120,39 milhões de toneladas e a área, em 36,12 milhões de hectares.
“De um modo geral, até o momento não temos notado reclamações relacionadas ao clima nas principais áreas produtoras. Só um pouco de reportes de ferrugem asiática em regiões isoladas, onde aparentemente acabou chovendo demais. Por enquanto temos de trabalhar com a hipótese de safra cheia”, resumiu o diretor da Cerealpar, Steve Cachia.
Chuvas regulares neste ano contribuíram para o plantio de soja mais rápido da história no país, o que, por sua vez, tem levado a um aumento nos focos do fungo da ferrugem asiática, afirmou recentemente uma pesquisadora da Embrapa, alertando para a possibilidade de custos maiores para controlar a doença.
Embora derivem de casos pontuais, sem ameaças à safra, tais custos tendem a pesar sobre as margens dos produtores, as quais já caminham para ser menores frente às inicialmente consideradas em razão da depreciação do dólar após as eleições.
Neste mês, o Itaú BBA apontou que as margens dos sojicultores devem girar em torno de 1.200 reais por hectare, contra 1.400 reais estimados em agosto, antes do plantio, e mais de 2.000 reais em 2017/18.
COLHEITA PRECOCE
Mas, se há algo certo, é que a colheita desta temporada começará mais cedo que de costume, justamente em razão da semeadura adiantada.
“Tudo indica que a partir de segunda quinzena de dezembro uma parte do pessoal de Mato Grosso já vai estar colhendo em algumas áreas. O desenvolvimento de maturação (da soja) está muito acelerado… Ainda será bem pouco representativo, menos de 1 por cento da área, mas já é oferta de soja entrando no mercado”, destacou o analista Aedson Pereira, da consultoria IEG FNP. Outros especialistas concordam com ele.
“Isso indica um janeiro cheio (de colheita). Poderemos fechar janeiro com 10 a 15 por cento de área colhida em todo o Brasil”, acrescentou.
Assim, o porcentual colhido ao final de janeiro de 2019 poderia ser mais que o dobro do total registrado no mesmo mês deste ano e da média histórica recente, segundo números da consultoria AgRural.
Com maior oferta em janeiro, o Brasil anteciparia uma concorrência com a exportação dos Estados Unidos, que acabou de colher a sua safra.
Washington segue às turras com Pequim em meio a uma disputa comercial que resultou na taxação da oleaginosa norte-americana pelos chineses. Isso fez com que as vendas dos EUA ao gigante asiático minguassem, enquanto as do Brasil dispararam para volumes recordes neste ano.
MILHO
Assim como a soja, o milho de primeira safra, colhido no verão, apresenta um bom cenário, segundo a pesquisa da Reuters.
Dez consultorias e entidades esperam, em média, uma produção de 27,79 milhões de toneladas, alta de 3,6 por cento na comparação anual, com área 7,4 por cento superior, em 5,46 milhões de hectares.
No levantamento anteriores, a safra de milho verão estava estimada em 27,48 milhões de toneladas, produzidos em 5,36 milhões de hectares.
“Não há relatos até o momento de perdas produtivas em função do clima”, afirmou o analista Victor Ikeda, do Rabobank, citando os preços mais atrativos do cereal como um dos estímulos para o aumento de área.
“Ainda assim, vale ressaltar que o crescimento não foi significativo, pois o produtor ainda opta pela soja no verão em função da maior liquidez da oleaginosa.”
Fonte: Agrolink