O presidente Jair Bolsonaro mandou cancelar todas as assinatutas do jornal Folha de São Paulo no governo federal. Em entrevista à TV Bandeirantes nesta quinta-feira, dia 31 de outubro, o presidente afirmou que não dá para confiar no jornal e que a publicação “envenena o governo”.
“Determinei que todo o governo federal rescinda e cancele a assinatura da Folha de S.Paulo. A ordem que eu dei [é que] nenhum órgão do meu governo vai receber o jornal Folha de S.Paulo em Brasília. Está determinado. É o que eu posso fazer, mas nada além disso”, disse Bolsonaro.
O apresentador José Luís Datena chegou a questionar o presidente se isso não era uma forma de censura, mas ele negou. “Não é uma forma de censura, nada.”
Essa não é a primeira ofensiva do presidente contra veículos da imprensa. Nesta semana, quando ainda estava em Abu Dhabi , ele disse que existia a possibilidade de que a concessão da Rede Globo não fosse renovada .
Um dia depois da ameaça do presidente, o Jornal Nacional revelou em reportagem que um porteiro do condomínio onde ele mora, no Rio de Janeiro, citou o nome dele em depoimento prestado à Polícia Civil no âmbito das investigações da morte de Marielle Franco .
O funcionário teria dito que o ex-PM Élcio Queiroz, suspeito de estar envolvido no assassinato da ex-vereadora, foi até o condomínio e interfonou para a casa de Bolsonaro horas antes do homicídio. Ao entrar no local, no entanto, Élcio teria se dirigido à casa de Ronnie Lessa, suspeito de ter efetuado os disparos contra Marielle e o motorista Anderson Gomes.
Após a repercussão do caso trazido pelo JN, o Ministério Público do Rio teve acesso aos áudios do interfone do condomínio e disse que o porteiro mentiu as dizer que Bolsonaro liberou a entrada de Élcio no condomínio.
“Todas as pessoas que prestam falsos testemunhos podem ser processadas”, disse a coordenadora do Gaeco, Simone Sibilio. “Se ele esqueceu, se ele mentiu… qualquer coisa pode ter acontecido. Ele pode esclarecer. Simples assim.”