Publicação combate informações falsas que circulam nas redes sociais. Relatos inverídicos citam dietas restritivas e supostos alimentos milagrosos.
Para desmentir boatos ou “fakes” sobre alimentos e dietas que podem curar o câncer, o Instituto Nacional do Câncer (Inca), vinculado ao Ministério da Saúde, lançou uma cartilha que esclarece quatro boatos.
O guia “Dietas Restritivas e Alimentos Milagrosos Durante o Tratamento do Câncer: Fique fora dessa!”, aborda informações incorretas que circulam em mensagens nas redes sociais, especialmente no WhatsApp.
Os BOATOS são:
- Carboidratos (pão, farinha de trigo, açúcar, arroz e etc) aumentam o tumor
- Quimioterapia é ineficaz para quem come carboidrato
- Proteínas de origem animal (carne vermelha, ovos e queijos) aumentam o tumor
- Cogumelo do sol, noni, graviola, chá de graviola e chá verde curam o câncer
TODAS as afirmações acima SÃO FALSAS. (Abaixo, nesta reportagem, veja as explicações para cada item)
Os boatos são muitas vezes atribuídos a médicos que não existem e propagam falsas premissas científicas. É o caso, por exemplo, da mensagem que afirma que suco de coco quente tem efeitos sobre cistos e tumores. O texto, que circula pelo WhatsApp, foi desmentido pelo Fato ou Fake, serviço do G1 que checa conteúdos suspeitos e esclarece o que é real e o que é falso.
A nutricionista Gabriela Villaça, responsável pela cartilha do Inca, diz que o instituto percebeu um aumento na circulação desse tipo de boato nos últimos três anos. “A desinformação sobre a alimentação virou um problema generalizado”, diz Gabriela.
A nutricionista conta que não são raros os casos de pacientes que fazem mudanças drásticas em suas dietas por conta de informações falsas propagadas nas redes sociais.
A nutricionista conta que não são raros os casos de pacientes que fazem mudanças drásticas em suas dietas por conta de informações falsas propagadas nas redes sociais.
“Tem casos extremos de pessoas que param de comer todo tipo de carboidrato, por exemplo, e aí têm uma perda de peso muito grave e prejudicial ao tratamento”, explica Gabriela Villaça, nutricionista do Inca.
Além das mudanças na alimentação, as correntes de WhatsApp com informações incorretas também podem provocar estresse psicológico nos pacientes. É comum que, ao verificar a ineficácia de algum tratamento contra o câncer, os pacientes culpem a própria dieta.
A nutricionista relata ainda casos de pacientes que se voltam contra os próprios médicos. “Há casos em que eles chegam dizendo ‘Por que você não avisou que o carboidrato cortava o efeito da quimioterapia? Agora minha quimio não deu certo por isso.’ E então o médico precisa desconstruir esse mito cotidianamente.”
Conheça os quatro pontos abordados pela cartilha do Inca:
Carboidratos NÃO aumentam o tumor
Até o momento não existem evidências científicas suficientes que confirmem que cortar carboidratos ajuda a “matar o tumor” em seres humanos. Alimentos ricos em carboidratos, como pães e cerais, fornecem energia em forma de glicose para as células. Todas as células do corpo humano utilizam a glicose como “alimento”, inclusive as células que constituem um tumor. Quando o paciente deixa de consumir carboidratos, o organismo encontra outros meios de gerar glicose, por exemplo, usando as proteínas dos músculos. Como consequência, a pessoa emagrece e perde massa muscular, duas consequências que não são desejadas na maioria dos tratamentos contra o câncer. “Perder peso de forma não intencional pode gerar prejuízos para o seu corpo e para o seu tratamento”, destaca a cartilha.
Quimioterapia NÃO é ineficaz para quem come carboidrato
Não é verdade que se você comer carboidratos durante o tratamento a quimioterapia não vai funcionar direito, como afirmam algumas mensagens que circulam nas redes sociais. Segundo a cartilha do Inca, alguns cientistas estão estudando o efeito de determinadas dietas na resposta ao tratamento do câncer. No entanto, ainda não existem dados suficientes que possam gerar recomendações diferentes das atuais, que focam na alimentação saudável baseada em comida de verdade e sem alimentos ultraprocessados.
Proteínas de origem animal NÃO aumentam o tumor
Nas células do corpo humano, a proteína é o principal componente estrutural. Além de formar as células, esse nutriente também desempenha outras funções importantes como o transporte de substâncias no sangue, síntese de hormônios e construção dos músculos. Por isso, evitar proteínas é uma péssima ideia durante um tratamento contra o câncer. “Elas são responsáveis por minimizar as chances de que seu tratamento seja tóxico para você, reduzindo o surgimento de efeitos colaterais”, explica a cartilha do Inca. Além disso, proteínas também ajudam o paciente a ter mais força e disposição, o que irá permitir que ele mantenha sua independência para as atividades cotidianas, além de prevenir quedas e reduzir o cansaço.
Cogumelo do sol, noni, graviola, chá de graviola e chá verde NÃO curam o câncer
Não há evidências científicas de que qualquer alimento seja, sozinho, capaz de curar o câncer. A melhor alternativa para quem luta ou quer se prevenir contra a doença é manter uma dieta equilibrada e saudável, com muitas frutas e legumes e poucos alimentos industrializados. “Quanto mais colorida for a sua alimentação, mais fortalecidas estarão as defesas do seu corpo e menores serão as chances de prejuízos no seu estado nutricional durante o tratamento”, afirma o Inca.Fonte: G 1