O bom de não ser tão bom
Todo mundo almeja ser reconhecido pelo que faz. Ao perceber tal reconhecimento nos sentimos importantes e, como isso, a autoestima vai às alturas. Quando se é muito bom em algo é delicado manter-se com o espírito humilde, pois há a inevitável armadilha de se colocar como parâmetro para os demais. O intelecto ou mesmo uma habilidade extraordinária leva o seu portador a se destacar em meio ao trivial. Na verdade, os elogios incessantes são mais perigosos do que as críticas, pois diante deles, às vezes, nos julgamos seres superiores e isso acarreta inevitavelmente a falsa impressão de que tudo deve ser julgado pelo nosso ponto de vista. A vontade não satisfeita leva a frustração e isso desencadeia uma série de reações perniciosas.
Temos que reconhecer que é um grande desafio se sentir confortável com o sucesso alheio e é justamente quando nos comparamos com os outros que nos sentimos ora superiores ora inferiores. A sensação de superioridade acaba inevitavelmente inflando o ego, com isso, as opiniões contrárias não são bem vindas, pois a vontade egocêntrica não pode ser contestada. A sensação de inferioridade surge diante das comparações: fulana é mais inteligente, mais linda, mais descolada, etc. A lista seria infinita se continuássemos a enumerar. As peculiaridades do individuo são percebidos como se fossem defeitos, algo extremamente angustiante e limitador. A pessoa se sente como se estivesse numa prisão como grossas barras de ferro. Encontrar o equilíbrio é justamente o grande desafio que a vida exige.
Lembro-me de passar toda a juventude com a mente refém de algo que, hoje soa como uma tremenda bobagem. Sentia vergonha do meu sobrenome. Na escola, escondia de todos e pedia para que os professores não o pronunciassem de forma alguma. Para mim, ser chamado de Alci Massaranduba era a pior das humilhações. Quando me comparava com os outros jovens me sentia pequeno apenas por causa de um nome! Tal situação perdurou por longos anos até que entrei no curso de Administração de Empresas na UEMS e encontrei um iluminado professor que me ajudou a me libertar completamente ao dizer: “Você não tem um nome apenas. Massaranduba é uma marca. Quem ouvir esse nome jamais se esquecerá. Use o seu nome a seu favor!”
Talvez você esteja lendo este texto justamente porque já ouviu falar que em Ponta Porã há o escritor Massaranduba. Que coisa incrível! O sentimento que tenho hoje é de que não sou superior a ninguém e muito menos inferior. Sou o que sou: Único.
Reflita por um momento no fato de que não há problema em reconhecer que existem inúmeras pessoas que possuem habilidades muito superiores as suas, mas é preciso também pensar no fato de que você também possui habilidades únicas. Ninguém sabe todas as coisas e isso não é um problema, pois é na união dos diversos saberes que a humanidade avança. Portanto, em certo sentido, é bom não ser tão bom. Pense nisso!
Alci Massaranduba
Bacharel em Administração de Empresas, Especialista em Gestão de Negócios, Acadêmico do
curso de Matemática, autor dos livros: Minha Vida de Carteiro e Pensamentos de um Carteiro