#EleNão
Na sua essência a ideia até que soa interessante: criar uma campanha para demonstrar o repudio a determinado comportamento considerado inapropriado por determinado individuo, mas é preciso expandir o conceito para abarcar outras vertentes, pois o discurso rechaçado por demonstrar ódio e preconceito vai muito além de uma postura exclusivamente pessoal. Há uma infinidade de pessoas que compactuam com tais posicionamentos, se não foi assim a voz solitária já teria se silenciado. O discurso ecoa justamente por encontrar muitas outras pessoas que pensam da mesma maneira e defendem as mesmas coisas. Na verdade, o problema é bem maior do que o pensamento de um “lobo solitário”.
Aparentemente, o que está por trás do intenso debate a favor ou contra a postura de certo candidato a presidência é, por incrível que pareça, o fanatismo e tudo o que ele é capaz de criar. Fanatismo é o estado psicológico de fervor excessivo, irracional e persistente por qualquer coisa ou tema, historicamente associado a motivações de natureza religiosa ou política. Em Psicologia, os fanáticos são descritos como indivíduos dotados das seguintes características: agressividade excessiva, preconceitos variados, estreiteza mental, extrema credulidade quanto a um determinado “sistema”, ódio, sistema subjetivo de valores, intenso individualismo, demora excessivamente prolongada em determinada situação/ circunstância.
Ao observar o que define um fanático é fácil compreender que há uma infinidade de pessoas cultivando a dicotomia bem/mal, onde o mal reside naquilo e naqueles que contrariam seus modos de pensar, levando-os a adotar condutas irracionais e agressivas que podem, inclusive, chegar a extremos perigosos, como o recurso à violência para impor seus pontos de vista. A convivência pacifica em sociedade requer justamente uma postura mais tolerante com aquele que pensa diferente. Os extremos nunca são saudáveis. O fanatismo é o grande vilão, pois quer impor uma solução que lhe parece definitiva sem se preocupar com o diálogo e o uso da razão. A razão é o que nos faz tão singulares e diante de alguém guiado unicamente por emoções tão exacerbadas é muito difícil esperar soluções racionais. Uma pessoa guiada pelo fanatismo é um verdadeiro barril de pólvora prestes a explodir e os estilhaços vão acabar ferindo inocentes.
Vivendo numa época onde o diálogo é uma raridade, infelizmente, posições extremistas vão continuar avançando num ritmo preocupante. É preciso não perder de vista o fato de que somos seres pensantes e que o ódio nunca trouxe benefícios em nenhum lugar onde tenha se instalado.
O slogan da campanha: #EleNão está equivocado, pois deveria estar no plural. O problema não está particularizado em uma única pessoa, mas na coletividade. Se não encontrasse espaço em milhões de mentes o discurso proferido soaria vazio e não teria tantos adeptos. Lembre-se de que comentários irrelevantes tornam-se em si mesmo insignificantes.
A sugestão é criar uma nova campanha, mas não será preciso mudar o título. O que o povo brasileiro precisa é se manifestar contrário ao fanatismo nas suas mais diversas ramificações. O ataque precisa ser massivo e impiedoso. Diga com toda a eloquência: #EleNão a qualquer tipo de fanatismo.
Alci Massaranduba
Bacharel em Administração de Empresas, Especialista em Gestão de Negócios, Acadêmico do
curso de Matemática.