“Um marco na consolidação da ‘nova agricultura’, que racionalmente poupa nos recursos utilizados para alimentar todos os habitantes do planeta”. Assim definiu o presidente da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, António Coutinho, a recente aprovação do salmão transgênico para consumo humano nos EUA pela FDA (Food and Drug Administration).
“Em democracia, não há maneira de parar o progresso. Esperemos que a União Europeia atente nesta decisão e reveja, rapidamente, a sua posição oficial”, completou o ex-diretor do Instituto Gulbenkian de Ciência em artigo para o jornal “Observador”, de Portugal.
O especialista lembra que o FDA é uma agência de “extremo rigor e exigência, como bem sabem os doentes e médicos que se veem obrigados a esperar anos por licenças de utilização de novos medicamentos, o que também indica que a FDA é impermeável às pressões de lobbies tão poderosos como são os das multinacionais farmacêuticas. Note-se que, neste caso, [do salmão transgênicos] o pedido de aprovação à FDA tinha sido feito há 20 anos!”.
“Mais interessante ainda, o Gabinete da Casa Branca para Políticas de Ciência e Tecnologia anunciou que nos próximos doze meses irá rever os regulamentos que, desde 1992, se têm aplicado a este assunto. Naturalmente, porque graças a tecnologias recentes, os ‘novos transgênicos’ não têm transgenes, não têm nenhum ADN que não lhes pertença”, destaca Coutinho.
Segundo ele, “estas novas tecnologias permitem fazer em poucos meses o que os agricultores ‘biológicos’ sempre fizeram, mas em muitos anos: a selecção de variedades mais interessantes por sucessivos cruzamentos selectivos, agora por alteração dirigida de uma sequência de ADN no genoma normal”.
Agrolink
Autor: Leonardo Gottems