Niviane Magalhães (Estadão Conteúdo)
Após recuar em nove dos últimos 10 pregões – acumulando retração de 4,76% -, o dólar sofreu realização de lucros nesta tarde de sexta-feira, 21, e fechou em alta, com o real acompanhando seus pares – peso mexicano e dólar australiano – em meio à desvalorização de mais de 2% do petróleo. Contribuiu também para o movimento altista a cautela antes da próxima semana, quando o Banco Central decide o novo patamar da Selic.
No mercado à vista, o dólar terminou em alta de 0,49%, aos R$ 3,1424. O giro financeiro somou US$ 1,24 bilhão. Na mínima, a moeda ficou em R$ 3,1116 (-0,49%) e, na máxima, a R$ 3,1429 (+0,50%).
Segundo o diretor da corretora Correparti Jefferson Rugik, depois que o dólar atingiu o patamar dos R$ 3,11 com o anúncio de que o ingresso de investidores estrangeiros no País (IDP) em junho ficou acima do esperado (US$ 3,991 bilhões, acima da mediana de US$ 2,650 bilhões), os investidores, principalmente as tesourarias de bancos, viram oportunidade de recomposição de posição comprada. O operador da corretora Multimoney Durval Corrêa observou ainda uma corrida de importadores que avaliaram que o dólar estava com bom preço.
No entanto, foi somente durante à tarde que o movimento comprador ficou mais claro. Para um gerente de mesa de derivativos, o dólar estava muito baixo e isso gerou um ajuste no valor em função da cautela, com o investidor de olho na próxima semana.
Corrêa, da Multimoney, destacou que com o aumento efetivo dos preços nas bombas de gasolina, após a elevação do PIS/Cofins sobre os combustíveis anunciado ontem, houve uma mudança no parâmetro da inflação, com a previsão para o IPCA no ano passando de 3,0% para 3,5%. Embora não seja um aumento expressivo, segundo o operador, o mercado já começou a olhar para uma inflação mais acelerada e o “efeito cascata” que isso pode causar. Por causa disso, “o mercado está atento quanto ao próximo corte na Selic (na próxima quarta-feira), se será mesmo de 1 ponto porcentual ou quem sabe 0,5 ponto, prevendo que tenham mudanças pela frente”, explicou Corrêa.
Além da realização e cautela, a trajetória de alta acompanhou também o exterior. O petróleo fechou em queda superior a 2%, pressionado pela expectativa de aumento da oferta da commodity pelos Estados-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Diante disso, moedas ligadas à commodity, como o peso mexicano e dólar australiano, foram penalizadas, influenciando o comportamento do real.
No mercado futuro, o dólar para agosto subiu 0,66%, aos R$ 3,1480. O volume financeiro movimentado somou US$ 12,78 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,1170(-0,33%) a R$ 3,1505 (+0,74%).