Iniciativa pode aumentar número de pessoas imunizadas, mas conselho alerta para riscos de administração sem profissionais de enfermagem.
Desde dezembro de 2017, farmácias de todo o país estão autorizadas a aplicar vacinas. O serviço pode ampliar o número de pessoas imunizadas. Mas também está provocando muito debate.
A carteira de vacinação está pronta, a caixa para descartar seringas também. Só não apareceu ainda cliente. Uma farmácia de São Paulo agora oferece quatro vacinas: contra febre amarela, HPV, herpes zoster e hepatite B. As vacinas custam de R$ 135 a R$ 510. Dessas, só a herpes zoster não tem na rede pública de saúde.
A regulamentação da Anvisa sobre o serviço só entrou em vigor na última semana de dezembro.
Para aplicar vacinas, o estabelecimento precisa atender a uma série de requisitos: ter licença das autoridades de saúde e uma sala reservada com pia e geladeira com controle de temperatura. A farmácia aposta em um movimento grande na época da vacinação contra a gripe, e instalou até um equipamento para a retirada de senhas. Mas a decisão da Anvisa que permite a vacinação em locais como esse vem sendo alvo de críticas.
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) alerta para o que chamada de “riscos de administração e conservação de vacinas em farmácias e drogarias sem a presença de profissionais de enfermagem”.
A Sociedade Brasileira de Pediatria também é contra e explica os motivos: “A possibilidade de uma criança, um adolescente, um paciente ter um efeito colateral que necessite intervenção médica. Uma outra questão é que existem várias condições, várias doenças, nas quais certas vacinas não podem ser aplicadas e isso quem sabe é um médico ou uma enfermeira que trabalha em um centro de imunizações”, explicou Luciana Rodrigues, presidente da entidade.
A farmácia visitada restringiu a vacinação a adultos e diz que os farmacêuticos foram treinados, inclusive para situações extremas.
“Esse é um serviço já prestado em vários países do mundo, como Estados Unidos, Canadá e Inglaterra. Então aumentou a população coberta por vacina, o que ajudou na saúde pública do país. Isso pode acontecer no Brasil também provavelmente”, disse Marcilio Pousada, presidente da Raia Drogasil.
Nas farmácias ou nas clínicas, as vacinas que estão fora do calendário nacional só podem ser aplicadas com prescrição médica.
Fonte: G 1