Ângelo Ballerini é apontado como um dos líderes de organização criminosa que corrompia policiais para o contrabando de cigarro
Alvo da operação Nepsis em 22 de setembro, dia em que se casaria num resort á beira-mar, Ângelo Guimarães Ballerini, inserido no “núcleo dos patrões” do contrabando de cigarro, está preso no sistema penitenciário federal. A PF (Polícia Federal), que realizou a operação, apontou risco de resgate do presídio estadual Ricardo Brandão, em Ponta Porã, e a rápida rearticulação da quadrilha.
A transferência para o presídio federal de Campo Grande, autorizada pela Justiça Federal, foi em primeiro de novembro. Agora, o próximo destino será a penitenciária federal de Mossoró (Rio Grande do Norte).
Conforme a defesa, a transferência não aconteceu por problema de documentos. Outros dois presos já estão no Rio Grande do Norte: José Carlos Guimarães Ballerini e Valdenir Pereira dos Santos
Contrária à decisão, a defesa entrou com pedido de habeas corpus no TRF 3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) e no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
“A nova maneira legal de forçar a delação é castigar o preso. E qual a maneira legal de castigar o preso? É levar para a penitenciária federal. Mas eles não têm o perfil de preso federal. Não pode haver coação para fazer delação. Isso é muito triste”, afirma o advogado José Augusto Marcondes de Moura Júnior.
No TRF 3, a liminar foi negada em 27 de novembro pelo desembargador federal José Lunardelli. De acordo com a decisão, o interesse da segurança pública justifica a transferência para estabelecimento penal de segurança máxima.
“Na medida em que, menos de duas semanas após a prisão dos pacientes, a organização criminosa por eles liderada teria restabelecido suas atividades de contrabando, o que culminou, inclusive, com duas apreensões”.
Um segundo processo, que também tramita no TRF 3, pede liberdade para os três presos. No STJ, o pedido de habeas corpus foi negado no último dia 19.
Foto área mostra o hotel resort onde seria o casamento nesta tarde (Foto: divulgação/PF)
Foto área mostra o hotel resort onde seria o casamento nesta tarde (Foto: divulgação/PF)
Chefes – A operação Nepsis aponta Ângelo e Valdenir como líderes da organização criminosa que corrompia policiais para o contrabando de cigarro de origem paraguaia. José Carlos, irmão de Ângelo, é classificado como importante gerente, responsável pela negociação de propinas aos policiais e pela coordenação de motoristas e olheiros em trecho de rodovias sob sua supervisão.
As investigações começaram em 2016, quando foi denunciado acerto de propina para que policiais deixassem de fiscalizar o escoamento de cigarros contrabandeados na rota do posto da PRF (Polícia Rodoviária Federal) de Guia Lopes da Laguna.
A quadrilha tinha as seguintes divisões: patrões, gerentes de logística, policiais garantidores-pagadores, policiais garantidores, gerentes auxiliares, batedores, motoristas e olheiros.
Ângelo Ballerini havia sido alvo em 2011 da operação Marco 334, mas se escondeu no Paraguai para evitar o cumprimento do mandado de prisão. No mês de setembro, veio ao Brasil para se casar, a festa seria em Maceió, mas não aconteceu porque a Polícia Federal enxergou no enlace a oportunidade “única” para a prisão.
No total, foram cumpridos 43 mandados de prisão. A estimativa é que em 2017 os envolvidos tenham sido responsáveis pelo encaminhamento de, ao menos, 1,2 mil carretas carregadas com cigarros contrabandeados às regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do País. Também em novembro, a Justiça Federal aceitou denúncia contra 26 presos. Nome da operação, Nepsis reporta a um termo grego que significa vigilância interior. CGNEWS