Cartel com atuação em MS movimentou mais de R$ 1 bilhão no mundo todo
23/11/2020 – Rodrigo Almeida Correio do Estado
Agentes da Polícia Federal deflagraram a maior operação da história da organização com o sequestro de pouco mais de R$1 bilhão na manhã desta segunda-feira (23). O alvo era um cartel especializado em envio de cocaína para a Europa.
Coordenador Nacional de Repressão de Drogas, Armas e Facções Criminosas, Elvis Secco, afirma que o “tráfico de drogas não é crime de periferia. Essas pessoas estão na elite. O tráfico de drogas não pode ser encarado como uma mera apreensão de caminhoneiro passando pela fronteira.”
De acordo com os números divulgados em entrevista coletiva na manhã de hoje, a força-tarefa conjunta entre PF, Polícia Civil do Paraná e Receita federal, apreendeu 37 aeronaves com valor de mercado de até R$20 milhões, além de diversas armas de fogo entre elas, uma metralhadora .50 com o subgrupo de Mato Grosso.
A organização era composta por um grupo de logística sediado em São Paulo, outro de logística de transporte aéreo no interior de São Paulo, em São José, dois grupos em Natal, responsáveis por envios de droga para a Europa em barcos de pesca.
E Subgrupos em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que eram responsáveis para enviar cocaína para os portos de Paranaguá.
Segundo nota oficial à imprensa, forma cumpridos 66 mandados de prisão e 149 de mandados de busca em nove estados diferentes incluindo o Mato Grosso do Sul por 670 agentes e 30 servidores.
Além de cumprimento de ordens judicias no Brasil, a operação Enterprise também conta com cooperação da Interpol para prosseguimento de ordens internacionais para a captura de alvos radicados no exterior.
As autoridades brasileiras afirmam que essa é a primeira vez que há uma cooperação entre uma operação brasileira e agentes da Europol.
– Bruno Henrique
Como funcionava o Cartel?
Segundo o comunicado da PF, “o esquema utilizado pelos criminosos consistia na lavagem de bens e ativos multimilionários no Brasil e no exterior com uso de várias interpostas pessoas (“laranjas”) e empresas fictícias, de modo a dar aparência lícita ao lucro do tráfico”.
O coordenador da Operação Enterprise, Sérgio Luiz Stinglin, a lavagem de dinheiro era sofisticada. “Se dava por meio de compra e venda de imóveis, compra e venda de veículos, investimento em empresas em recuperação judicial. Não era com o intuito de lucrar e sim legalizar o dinheiro sujo”, afirma.
A ação da Receita Federal se fez necessária porque o tráfico de drogas atualmente está entranhado na elite brasileira e a descapitalização patrimonial é a melhor arma para combater quadrilhas de porte tão grande como essa.
De acordo com Elvis Secco, “com a apreensão das mais de 50 toneladas de cocaína apreendidas em portos de Brasil, Europa e África é possível achar que acabamos com a organização, mas não. Nem fizemos cócegas. Hoje, no entanto, sim. Abalamos a estrutura deles”, relata.
Segundo o Coordenador, a apreensão de drogas é um meio e não um destino. “O mais importante para a PF atualmente é desmantelar as macro-organizações como esta”.
Início em setembro de 2017 no Porto de Paranaguá. A partir disso foi aberto inquérito pela Polícia Federal. Depois da quebra de sigilo bancário de um alvo com domicílio na Europa.
Desta pessoa foi possível chegar a sete outras pessoas que coordenavam o esquema, explicam os agentes.