O Paraguai identificou dois casos de mucormicose, doença conhecida como ‘fungo preto’, nesta semana em municípios localizados a cerca de 300 km da fronteira com Mato Grosso do Sul. A doença tem causado mutilação e levado pacientes pós-covid à morte na Índia, atual epicentro da pandemia no mundo. Além disso, também foram identificados casos de fungo preto no Uruguai. Mesmo com a doença registrada em países próximos ao Brasil, Mato Grosso do Sul ainda não recebeu orientações para prevenção ou controle da infecção.
Desde o início do mês, médicos na Índia começaram a registrar aumento de casos de mucormicose, que é uma infecção rara, conhecida como fungo preto. Os infectados eram pacientes com coronavírus ou que tinham se recuperado da covid recentemente. Segundo especialistas, isso acontece porque o sistema imunológico foi enfraquecido pelo vírus, ou seja, o paciente tem imunidade baixa.
Vale ressaltar que o fungo preto não é uma doença nova, a diferença é que tem atingido pacientes infectados pelo coronavírus ou pós-covid. O fungo é causado pelo mofo, mas não é contagioso e nem passa de pessoa para pessoa. Para a maioria das pessoas, o fungo não é prejudicial, mas pode causar infecções graves em pessoas com imunidade baixa.
Na Índia, já são milhares de casos da infecção e pelo menos 90 mortos pelo fungo preto. A variante indiana do coronavírus já foi registrada no Brasil, no estado do Maranhão.
Os dois primeiros pacientes identificados com o fungo negro no Paraguai foram de uma mulher de Coronel Oviedo e um homem em Assuncion, cidades a 238 km e 330 km de distância de Paranhos (MS), respectivamente. Ambos tinham diabetes. No Uruguai também foi registrado um caso de fungo preto nesta semana em um paciente diabético, que tinha se recuperado do coronavírus.
Apesar do surgimento de casos em países vizinhos ao Brasil, ainda não há uma orientação aos estados. Mato Grosso do Sul tem mais de mil quilômetros de fronteira com o Paraguai, mas o Estado ainda não tem um protocolo para prevenir que os casos de fungo preto cheguem aos pacientes de MS.
Procurado pelo Jornal Midiamax, o secretário estadual de saúde Geraldo Resende explicou que não recebeu recomendação do Ministério da Saúde. “Se tivesse relevância, o Ministério da Saúde nos teria convocado, para que a gente pudesse estar se preparando para isso. Não conheço [fungo preto] e não chegou até nós nenhuma recomendação”, disse o secretário, apesar de grande parte da atuação do Ministério da Saúde ser contestada desde o início dos casos de covid no Brasil e ser colocada em cheque atualmente pela CPI da Pandemia no Senado Federal.
Fungo preto: quais são sintomas e tratamentos?
Os pacientes com infecção por fungos podem apresentar sintomas como a congestão nasal e sangramento, além de inchaço, dor nos olhos e visão turva. Nos piores casos, a infecção pode levar o paciente a perder o olho. Quando há demora para diagnosticar a doença, o paciente precisa ter o olho removido, para evitar que a infecção chegue ao cérebro.
A doença pode ser tratada com medicamentos antifúngicos, conforme informações do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos). Os pacientes podem levar até seis semanas para se recuperarem. Contudo, em alguns casos a cirurgia é necessária para cortar o tecido infectado. “Pode resultar na perda da mandíbula superior ou às vezes até do olho”, informou o Ministério da Saúde Indiano.