O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio fechou 2020 com uma expansão recorde de 24,31%, na comparação com 2019, segundo comunicado técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). Só em dezembro, o aumento foi de 2,06%. O resultado elevou a participação do agro no PIB total do país de 20,5% em 2019 para 26,6%. Mais de um quarto do PIB brasileiro vem do agronegócio.
Diferentemente do PIB do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que só considera a receita obtida com a venda da produção agropecuária dentro da porteira, o índice da CNA-Cepea mede a renda que fica no bolso dos agentes das quatro cadeias do agronegócio: insumos, atividade básica, agroindústria e agrosserviços. Em 2020, o PIB do setor medido pelo IBGE fechou com alta de 2% em relação a 2019, na contramão dos demais setores da economia.
O setor primário (atividade dentro da porteira) foi o que teve maior alta no PIB do agro da CNA, com 56,59%, mas toda a cadeia registrou aumento: agrosserviços (20,93%), agroindústria (8,72%) e insumos (6,72%). Na cadeia produtiva da agricultura, o aumento foi de 24,2%, impulsionado pela alta de preços e aumento de produção, com safra recorde de grãos e crescimento na oferta de café, cana-de-açúcar e cacau. Na pecuária, a alta foi 24,56% em relação a 2019.
Apesar dos bons números, CNA e Cepea ressaltam que a cadeia produtiva agrícola ainda se recupera de um cenário adverso de anos anteriores. No setor primário, por exemplo, a renda real recuou 20% de 2017 a 2019, apesar do crescimento de 20% da produção no mesmo período diante do momento desfavorável de preços. A nota destaca ainda que os altos percentuais de venda antecipada de grãos registrados no ano passado e a elevação dos custos de produção também contribuíram para que a maior parte dos produtores não se beneficiasse com a forte alta dos preços dos produtos agrícolas.
Os aumentos do custo de produção também impactaram a pecuária, puxando para baixo a margem do pecuarista, que poderia ser bem maior com a alta dos preços das proteínas animais em relação a 2019 e a expansão da produção e do abate de suínos e aves e da oferta de ovos e leite.
“Além dos insumos de alimentação, que estiveram expressivamente encarecidos já que os grãos operaram em patamares recordes, no caso da pecuária de corte, deve-se destacar também as fortes elevações do bezerro e do boi magro”, fecha a nota.