Com a queda neste início de semana, a fintech foi ultrapassada pela AmBev (US$ 41,8 bilhões, R$ 238,46 bilhões) como a terceira maior empresa brasileira em valor de mercado
Com o sentimento de maior aversão ao risco por conta da nova variante ômicron do coronavírus se somando aos questionamentos de investidores sobre a lucratividade futura da operação, os papéis da fintech tiveram desvalorização de 8,78% nesta segunda-feira, cotados a US$ 8,94 (R$ 51), abaixo do valor de US$ 9 (R$ 51,34) por ação precificado na oferta inicial.
Na Bolsa de Valores brasileira, a B3, os BDRs (Brazilian Depositary Receipts), recibos correspondentes a uma fração de 1/6 cada das ações negociadas originalmente nos EUA, a queda foi de 5,03%, para R$ 8,50.
Com o recuo desta segunda, que se soma à queda de 17,3% acumulada pelas ações na Nyse na semana passada, o valor de mercado do Nubank atingiu US$ 41,2 bilhões (R$ 235,04 bilhões), ante US$ 45,1 bilhões (R$ 257,29 bilhões) no fechamento de sexta-feira (17), um recuo de aproximadamente R$ 22 bilhões. O valor ficou ainda pouco abaixo dos US$ 41,5 bilhões (R$ 236,75 bilhões) em que havia sido precificada a empresa na oferta de ações nos EUA no início do mês.
Com a queda neste início de semana, a fintech foi ultrapassada pela AmBev (US$ 41,8 bilhões, R$ 238,46 bilhões) como a terceira maior empresa brasileira em valor de mercado.
Ainda assim, o banco digital segue sendo o mais valioso do seu setor na América Latina. O Itaú Unibanco, segundo colocado na lista, encerrou a sessão com US$ 34 bilhões (R$ 193,96 bilhões) de valor de mercado.
“Com as variações no custo de capital projetados pelos juros globais, empresas de tecnologia mais alavancadas sofrem mais, como é o caso do Nubank”, diz o especialista.
“Em um cenário macro de aversão a risco, os papéis que mais caem são aqueles com os múltiplos mais elevados, ou seja, com os preços mais esticados”, afirma Enrico Cozzolino, analista da Levante.
Os preços em que vinham negociando os ativos, diz Cozzolino, incorporavam um cenário-base quase que ideal para a evolução do negócio nos próximos meses, sem as incertezas trazidas pelas novas variantes, com uma inflação sob controle e um nível de atividade global pujante.
“Pagar muito mais por algo que irá performar lá na frente, neste cenário atual, não é visto com bons olhos”, afirma o analista da Levante.
No acumulado de janeiro a setembro de 2021, o grupo reportou prejuízo de US$ 99,1 milhões (R$ 560 milhões).
“Agora, estamos priorizando investir em crescimento de novos produtos, principalmente nos outros países onde estamos ainda começando [em busca de lucratividade]”, afirmou David Vélez, em vídeo divulgado pela empresa no final de novembro. Além do Brasil, o banco digital tem operações no México e na Colômbia.
“Não temos dúvidas de que a história do Nubank é muito convincente. Tememos, no entanto, que a combinação do seu valuation extremamente alto com um momento ruim de mercado façam da ação uma aposta muito arriscada”, escreve a equipe de análise do BTG Pactual, em relatório.
Na avaliação dos especialistas, o Nubank “se parece muito mais com um banco do que com um software”, com necessidades intrínsecas de capital para manter a expansão das operações. “Frente à deterioração do cenário macroeconômico do Brasil, ser prudente em 2022 pode ser a melhor estratégia”, apontam os analistas do BTG Pactual, que tem recomendação neutra para as ações da fintech, com preço-alvo de US$ 10 (R$ 57,04) em 12 meses.
As ações do Nubank fizeram sua estreia na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), nos Estados Unidos, no dia 9 de dezembro.
Os papéis estrearam com forte valorização no primeiro pregão na Bolsa americana, com alta de 14,78%, a US$ 10,33 (R$ 57,39). Nos primeiros negócios do dia, o movimento foi ainda mais intenso, quando a valorização chegou perto de 30%.
Aproximadamente 815 mil pessoas investiram em BDRs do banco digital no Brasil, o que fez da oferta a maior em número de investidores de varejo no mercado local. Além disso, cerca de 7,5 milhões de pessoas aceitaram um BDR sem custos pelo programa NuSócios.