José Eduardo Mendonça
Quando o conservador bilionário Rupert Murdoch, da News Corp., comprou o Wall Street Journal há dez anos, a maior preocupação era se ele baixaria o nível jornalístico de sua cobertura, aproximando-o dos tablóides que o grupo tem na Inglaterra e Austrália e destruindo a credibilidade de uma instituição venerável.
Os problemas hoje são bem outros, comenta o Politico. Os mais recentes memorandos internos contêm frases como “tempos de desafio” e “não imune a forças de mercado de impacto significativo nos anúncios da mídia impressa tradicional”.
A questão é: quanto a News Corp. vai ter de desembolsar para manter o jornal à tona e satisfazer seus acionistas?
Já está em curso um sério aperto de cintos, aparentemente provocado por um declínio recente maior que o antecipado em anúncios na mídia impressa. As finanças da companhia andam 30% abaixo de seu budget. Os anúncios respondem hoje por um terço da receita da companhia. Eram 50% há dez anos.
A receita doméstica de publicidade caiu 12% durante o último trimestre, e as coisas deverão se mostrar mais dramáticas. “Acho que próximo resultado vai ser pior”, disse Craig Huber, analista de Wall Street.
A redação anda de cabelo em pé depois de receber a notícia de uma “reestruturação”. Ela envolve uma “versão revista do jornal impresso que, segundo o editor-chefe Gerry Baker, vai ser mais “concisa”, “necessitando de alguma consolidação das seções e das equipes que as produzem”.
O moral ficou mais baixo pelo fato de que centenas de funcionários sindicalizados vêm trabalhando sem contrato há um mês, já que as discussões entre o sindicato e a Dow Jones não superam o impasse em torno de salários e benefícios de saúde. E cargos abertos não têm sido preenchidos.
O jornal não comenta e não permite que seus funcionários dêem entrevistas. Mas muitos deles, ou ex-jornalistas da casa, têm muito a dizer. “O que acontece em todo o jornal é um cenário mais medonho em muito tempo”, diz um veterano conhecedor da publicação. Disse outro: “O que está acontecendo com os jornais não acontecia conosco. Agora está acontecendo”.
O jornal na verdade cresceu em editorias desde a compra por Murdoch, e abriu mais sua sizuda pauta financeira. Analistas consideram que cortes poderiam levá-lo de volta a onde estava antes da aquisição.
Outras empresas jornalísticas, como o New York Times, reduziram custos em 40% comparados aos níveis de 2007, antes da crise. O corte no Wall Street Journal foi mais conservador, de 20%.
Há iniciativas além do corte nos custos. Há um plano para os próximos três anos que inclui um crescimento significativo das noticias móveis, mais inovação no tipo de publicidade oferecida e o aumento das pessoas que pagam para ler o jornal digitalmente – existem mais de um milhão de assinantes apenas digitais, e a meta são três milhões até o final de 2017.
Facebook vai faturar U$ 26 bilhões este ano
O crescimento é vertiginoso. A receita foi de U$ 17.8 bilhões em 2015 e deverá ser de U$ 33.7 bilhões no ano que vem, estima o eMarketer.
A parte maior deste dinheiro vem de fora dos Estados Unidos – 54% em 2016 – e os celulares trazem também a maior parte do faturamento.
O faturamento da internet móvel da mídia social trará U$ 22 bihões de receita globalmente, ou 66% acima de 2015. O crescimento será de dois dígitos até pelo menos 2008, quando deverá ser de U$ 38 bilhões.
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“O Facebook continuará acelerando ao criar produtos e serviços”, diz Debra Willianson, analista principal da eMarketer. “Seu serviço principal ainda cresce em qualquer métrica que sigamos, e outros serviços, como Instagram, Whatsapp e Messenger também têm bom desempenho. O Oculus enfrenta o desafio de audiência, mas ainda estamos nos primeiros dias da realidade virtual em geral”.
“O Facebook sofreu um tropeço em setembro quando exagerou para anunciantes a quantidade de tempo que as pessoas passavam assistindo sua plataforma de vídeo”, diz ela. A revelação não deverá causar danos, mas espera-se para o futuro maior pressão por verificações independentes.
As empresas do Facebook, incluindo Instagram, WhatsApp e Messenger, continuam também a aumentar sua popularidade, assim como suas perspectivas de monetização. O Messenger, por exemplo, deverá alcançar dois em cada cinco celulares nos EUA no final deste ano, e mais da metade da audiência em 2020.
A velha newletter por email se transforma em plataforma
Hoje a newsletter virou um tubo de ensaio, com equipes de desenvolvimento de audiência experimentando com segmentos de público, na tentativa de descobrir com o que seus leitores mais fiéis se envolvem antes de investir em conteúdo mais semelhante.
O exemplo mais recente da tendência vem do New York Times. O jornal lançou no final de outubro uma versão para seu website de “Watching”, uma vídeo-recomendação em streaming que começava como uma newsletter por email. É um produto ambicioso, com um foco intenso em personalização que pode chegar ao nível de usuário individual.
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“É um modo ligeiro de podermos testar rápida e eficientemente novas idéias de produtos e informar nossos esforços”, afirma Nicole Breskin, diretora de produtos de email do jornal. “Historicamente, pensávamos em newsletters como uma extensão de nosso próprio site e seções. Agora pensamos nelas como uma experiência em si mesma e um modo poderoso de distribuir notícias e alcançar e envolver leitores onde eles estão”, disse ela ao Digiday.
A editoras enxergam ainda o email como modo de monetizar audiências e chamar de volta leitores paa suas próprias plataformas, em uma era em que cada vez mais as pessoas lêem suas noticias dentro do Facebook.
As motivações variam, mas os resultados não: as empresas que trataram o email com nova visão tiveram benefícios, inclusive um grande aumento em tráfego e em assinantes digitais. Isto aconteceu mesmo com o BuzzFeed, centrado nos milenials, ultrapassando mídias sociais como Twitter e Pinterest.
(*) Passou por importantes órgãos da imprensa brasileira, como Exame, Gazeta Mercantil e Folha de São Paulo, na qualidade de repórter, editor ou diretor. Escreve sobre as tendências da mídia em seu blog zemediamix.wordpress.com/.
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