Entre os pacientes que precisam de diálise, o número sobe para 7 a cada 10, segundo a Associação de Medicina Intensiva Brasileira.
Por Lara Pinheiro, G1
De 1° de março de 2020 até 24 de fevereiro deste ano, 2 a cada 3 brasileiros com Covid-19 que precisaram ser intubados morreram. Quando o paciente intubado está internado no Sistema Único de Saúde (SUS), o número é ainda maior: 7 a cada 10 morrem.
Os dados são da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), que tem monitorado UTIs do país na pandemia, tanto na rede pública quanto privada.
Mortalidade e intubação
De acordo com o levantamento da Amib:
- Considerando a rede pública e privada, 66,% dos que precisaram de intubação morreram. No SUS, esse índice foi de 71,%. Na rede privada, de 63%.
Mortalidade de pacientes intubados com Covid-19Dados são referentes ao período de 1º de março de 2020 a 24 de fevereiro de 2021em %66,366,371,271,26363GeralSUSRede privada020406080Fonte: Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib)https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html
- A necessidade de intubação nas UTIs públicas também foi maior. Nelas, 63,8% dos pacientes precisaram de ventilação mecânica. Na rede privada, o índice foi de 39%.
- Mais da metade dos pacientes que precisaram de intubação ficaram em ventilação mecânica por mais de 7 dias. De forma geral, esse índice foi de 55,7%. No SUS, o índice foi de 50,3%; na rede privada, 59,3%.
Uma das explicações possíveis para a diferença entre público e privado é que, quando o paciente chega na UTI do SUS, já está mais grave, por causa do menor acesso à saúde, explica o intensivista Otávio Ranzani, epidemiologista da Universidade de São Paulo (USP).
“Ou que o SUS interna doente mais grave porque tem menos leito, o que também cai no ponto do acesso”, lembra.
Os dados do levantamento apontam, por exemplo, que o índice que mede a gravidade da situação de cada paciente (escore de gravidade SOFA, Sequential Organ Failure Assessment, que é calculado a partir de disfunções de seis órgãos) é o dobro entre pacientes nas UTIs do SUS comparados aos da rede privada. Nos leitos privados, o índice foi de 2,4. Nos públicos, de 4,8.
“Na UTI, nós damos suporte aos órgãos que param de funcionar. No caso, você vai acumulando disfunções de órgãos. Então, além do pulmão, também o rim e muitas vezes o coração – aqui damos um medicamento para deixar a pressão alta, droga vasoativa”, explica Ranzani.