A equipe de investigadores “não encontrou nenhuma evidência” de que os passageiros tivessem qualquer conhecimento da implosão iminente do Titan
Uma investigação de um ano concluiu que a transcrição do registro de comunicações entre o submersível Titan e o navio de apoio Polar Prince era completamente falsa. Significa que os cinco passageiros que seguiam no submarino da OceanGate, rumo aos destroços do Titanic, não faziam ideia de que estavam prestes a morrer.
“Estou confiante de que é uma transcrição falsa. Foi inventada”, disse o capitão Jason D. Neubauer, diretor do Conselho de Investigação da Marinha norte-americana, citado pelo New York Times.
O responsável adiantou que a sua equipe, que contou com a ajuda de investigadores do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes, “não encontrou nenhuma evidência” de que os passageiros tivessem qualquer conhecimento da implosão iminente do Titan.
“Isto não torna a situação menos dolorosa, mas pode ajudar”, disse.
Estes são os primeiros resultados da investigação que se iniciou ano passado sobre o incidente que tirou a vida ao empresário e explorador Hamish Harding, ao empresário paquistanês Shahzada Dawood e ao filho, Suleman Dawood, ao CEO da OceanGate, Stockton Rush, e ainda ao especialista no Titanic Paul-Henri Nargeolet.
A suposta transcrição dos últimos momentos dos passageiros do submersível começou a circular na Internet no final de junho, tendo sido elaborada “bem o suficiente para parecer plausível”.
O registro minuto a minuto fez com que os aventureiros “parecessem estar em pânico”, dando conta dos supostos pedidos de ajuda feitos pelo Titan ao Polar Prince, que ficaram sem resposta.
Vale lembrar que, apesar da esperança de que os tripulantes pudessem estar vivos, depois de sons subaquáticos terem sido detectados, a operação contrarrelógio teve um final trágico ao fim de cinco dias, com a localização de escombros que correspondiam à parte exterior do submersível na área dos destroços do Titanic.
No final de junho do ano passado, as autoridades canadenses recolheram os destroços do submersível no porto de St. John’s, em uma operação que contou também com o apoio da Guarda Costeira dos Estados Unidos.
Mais tarde, o organismo revelou que foram encontrados possíveis “restos mortais” nestes componentes do Titan, que seriam analisados por uma equipa médica.
Vale destacar que James Cameron, o diretor do filme ‘Titanic’ que desenhou submarinos capazes de atingir uma profundidade três vezes superior à do Titan, equacionou que os críticos de Stockton Rush estavam corretos ao denunciar que um casco de fibra de carbono e titânio permitiria a entrada microscópica de água, levando a uma falha progressiva do veículo ao longo do tempo. Contudo, o CEO da OceanGate acreditava que a fibra de carbono teria uma relação força-flutuabilidade melhor do que o titânio.
Destaca-se ainda que, em 2018, um funcionário da OceanGate foi demitido por ter alertado para preocupações com o controle de qualidade do Titan, tendo sido acusado pela empresa de quebra de contrato, fraude e apropriação indevida de segredos comerciais. O homem recusou as acusações e processou a entidade, num processo que foi resolvido fora do tribunal.
Já em 2021, a OceanGate assegurou que o submersível “foi construído e projetado em consulta com engenheiros e fabricantes especializados”, além de incluir “vários sistemas de segurança”.