De acordo com uma pesquisa recente da McKinsey, 2021 foi um ano de transformação: as pessoas, as corporações e a sociedade começaram a olhar para frente influenciando seu futuro, em vez de apenas sobreviver ao presente.
Foi o ano em que as esperanças prematuras de imunidade de rebanho, de fim dos confinamentos impostos pela pandemia e de retorno à normalidade foram frustradas — pelo menos por enquanto.
Mas, fora a chamada Grande Renúncia das Redes Sociais, durante a qual profissionais da geração Z esgotados deixaram seus empregos no TikTok e Instagram, a ascensão dos NFTs (tokens não fungíveis, em tradução literal) e a introdução do metaverso, os bilionários do mundo que vão para o espaço foram tão prósperos e produtivos nos negócios e na tecnologia como sempre.
Embora seja difícil fazer previsões precisas no ambiente imprevisível que vivemos nos últimos dois anos, o ano que começa trará muitas surpresas.
1. Redes sociais: mais privacidade, qualidade e ajustes de algoritmo
As plataformas vão se concentrar na privacidade e na qualidade do conteúdo nos feeds. Apesar das críticas recentes da opinião pública, o Facebook provavelmente aumentará o número de membros, assim como as receitas.
De olho na privacidade e na qualidade do conteúdo, todas as principais plataformas de rede social provavelmente terão atualizado suas políticas de privacidade e ajustado seus algoritmos até o fim de 2022.
Devido à demanda por conteúdo forte e envolvente, uma nova tribo de influenciadores criativos crescerá rapidamente e terá um grande impacto em branding e engajamento.
Graças à crescente popularidade do conteúdo em vídeo de formato curto, o Instagram e o TikTok provavelmente vão testemunhar um aumento nos gastos com anúncios em 2022, e o Instagram continuará a crescer, indo além dos 50% de sua receita proveniente de publicidade.
Componentes de marketing de mídia social subutilizados, como atendimento ao cliente e gestão de relacionamento, em breve vão prosperar nestas plataformas.
2. Entrada do metaverso: da web 2D para 3D
Mark Zuckerberg anunciou a mudança do nome corporativo da sua marca para “Meta” em outubro de 2021, indicando o desejo do Facebook de moldar a transformação do metaverso.
O termo se refere às possibilidades da realidade virtual e aumentada.
Alguns chamam de espaço virtual compartilhado, acessível por meio de óculos de realidade virtual ou aumentada e aplicativos de smartphone.
Os usuários podem interagir, socializar, explorar e criar conteúdo no ambiente virtual e monetizar suas transações virtuais usando tecnologia blockchain e criptomoeda.
O metaverso (ou 3web) está intrinsecamente ligado aos NFTs e criptomoedas, que comercializam interações ao criar ou vender artefatos digitais.
Em 2022, a expectativa é de que a 3web seja uma grande questão comercial e receba o apoio de grandes marcas, incluindo Nike, Adidas, Gucci, Prada, Puma, Microsoft e outras.
3. Aceleração do crescimento da criptografia e do NFT
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O uso de tokens não fungíveis (NFTs) aumentou em 2021 e vai continuar a aumentar em 2022.
Um novo mecanismo de valor de troca na economia online global, os NFTs mudaram o valor e a função de todos os ativos e obras de arte digitais.
De uma moda passageira a uma nova economia, os NFTs criaram o que a Harvard Business Review chama de “ações digitais”.
No mundo digital, os NFTs são ativos únicos que podem ser comprados e vendidos como qualquer outro.
A tokenização é o processo de conversão de dados significativos, como um número de conta, em uma sequência aleatória de caracteres conhecida como token que, se comprometida, não tem valor significativo.
Estes tokens digitais podem ser usados para comprar coisas físicas, como pinturas reais, ou ativos virtuais, como arte digital, compras dentro de aplicativos e até propriedades virtuais.
O Frankfurt School Blockchain Centre prevê um mercado de US$ 1,5 trilhão para ativos tokenizados na Europa nos próximos três anos.
Imóveis, dívidas, títulos, ações, direitos autorais, arte real, arte virtual e colecionáveis são exemplos de ativos que podem ser tokenizados.
Este é, sem dúvida, um grande passo em direção a uma das principais promessas das criptomoedas de inclusão financeira.
Investir em ativos alternativos ou tradicionais está, às vezes, fora do nosso alcance ou é muito caro.
Crowdfunding e Fintech — tecnologia financeira usada para fornecer serviços financeiros automatizados e aprimorados — vão permitir que investidores de todos os portes se envolvam em uma ampla variedade de ativos.
4. Crescimento da IA em serviços de alimentação e RH
A inteligência artificial (IA) pode muito bem mudar a forma como entendemos, criamos e apreciamos os alimentos ou procuramos emprego.
Michael Spranger, chefe de operações da equipe de inteligência artificial da Sony, explica que a escassez de mão de obra levou muitas organizações a usar a inteligência artificial para ampliar a forma como avaliam e checam os candidatos a empregos.
Ele também observa que algumas das aplicações mais interessantes da inteligência artificial na gastronomia vão dar asas à imaginação e criatividade de chefs e especialistas em culinária além do que é possível hoje.
E robôs como o Flippy já estão fritando hambúrgueres no McDonalds e em outros restaurantes.
5. Maior conectividade = mais transformação digital
O 5G e o novo padrão de rede sem fio wi-fi 6 vão permitir uma conexão mais rápida — crucial se o mundo deseja abraçar estas novas tendências digitais.
Jerry Paradise, vice-presidente de gerenciamento de produtos da empresa de tecnologia chinesa Lenovo, disse que o 5G e o wi-fi 6 envolvem mais do que apenas velocidade:
“As aplicações futuras vão incluir cidades inteligentes, a Internet das Coisas e as comunicações entre veículos — o que idealmente melhoraria o fluxo de tráfego e a segurança.”
De acordo com a Lenovo, trabalhar de casa vai se tornar mais “híbrido” à medida que os consumidores e as organizações continuarem a pensar além do escritório.
A grande maioria dos executivos de TI espera trabalhar fora do escritório no futuro, com dispositivos menores e mais inteligentes, assim como fones de ouvido sem fio e com cancelamento de ruído.
Os funcionários “híbridos” podem participar de videoconferências e realizar chamadas telefônicas não apenas de casa, mas de qualquer lugar.
6. Novo ambiente de trabalho, novas habilidades
Com o ambiente de trabalho prestes a mudar, as habilidades serão as próximas.
De acordo com o Fórum Econômico Mundial, em 2022, as novas ocupações serão responsáveis por 27% da base de funcionários das grandes empresas, enquanto as posições tecnologicamente obsoletas cairão de 31% para 21%.
A mudança na divisão de trabalho entre humanos, computadores e algoritmos tem o potencial de eliminar 75 milhões de vagas de emprego atuais, ao mesmo tempo que vai gerar 133 milhões de novas vagas.
Analistas de dados, desenvolvedores de software e aplicativos, especialistas em comércio eletrônico e especialistas em mídia social vão estar em alta demanda.
A expectativa é de que muitos empregos “humanos”, como serviço de atendimento ao cliente, desenvolvimento organizacional e gestão da inovação, cresçam.
Portanto, longe de “roubar nossos empregos”, a inteligência artificial vai criar postos de trabalho e garantir empregos em uma variedade de campos diferentes.
* Theo Tzanidis é professor de Marketing Digital na University of the West of Scotland, no Reino Unido.
Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês). BBC