Governo ucraniano contabiliza 3.381 vítimas fatais desde o início da invasão da Rússia ao país, mas enviados das Nações Unidas dizem que número é bem maior no conflito, que já dura 76 dias. Mariupol é o grande ‘buraco negro’, diz enviada.
Por g1
A Ucrânia teve “milhares” de mortos a mais do que os números oficiais contabilizam hoje, disse nesta terça-feira (10) a chefe da missão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas no país, Matilda Bogner.
Em 76 dias de conflito, o governo ucraniano contabiliza oficialmente 3.381 mortos. A ONU, que enviou uma comissão ao país para apurar os danos da guerra, está fazendo um levantamento mais amplo desse número.
Fumaça é vista no complexo metalúrgico de Azovstal, em Mariupol, onde a ONU diz ser difícil estimar o número de mortos — Foto: Alexander Ermochenko/ Reuters
“Estamos trabalhando nas estimativas, mas de momento já posso dizer que (o número de mortes) é de milhares a mais que o número que passamos atualmente”, afirmou Bogner.
Ela ponderou, no entanto, que mesmo a nova contagem já pode estar defasada por conta da situação em Mariupol, cidade no sul da Ucrânia que a Rússia afirma ter conquistado.
Desde o início da guerra, tropas russas cercaram Mariupol, um dos principais focos de interesse de Moscou na Ucrânia, por conta de sua posição considerada estratégica para o Kremlin. A cidade portuária, que tem saída para o mar de Azov, fica posicionada entre a fronteira com a Rússia e a península da Crimeia, região ucraniana anexada por Moscou em 2014.
“O grande buraco negro é realmente Mariupol, onde tem sido difícil acessar e ter informações totalmente comprovadas”, disse Bogner.
Civis em Mariupol
Também nesta terça-feira (10), o governo da Ucrânia afirmou que ao menos cem civis seguem dentro do complexo metalúrgico de Azovstal, o último reduto de Mariupol ainda controlado pelas tropas ucranianas.
A ONU vem tirando civis do local, que, segundo Kiev, está sendo alvo de ataques por tropas russas, embora o presidente russo, Vladimir Putin, tenha afirmado que seus soldados não atacariam Azovstal.