Pesquisa realizada na Noruega, que envolveu mais de 50 mil pessoas, analisou sequelas neurológicas de doentes que sofreram de Covid leve e não necessitaram de hospitalização
Investigadores da Universidade de Oslo, na Noruega, compararam mais de 2.100 adultos indivíduos que testaram positivo para o coronavírus entre fevereiro e abril de 2020, contudo não requereram internamento hospitalar, tendo como base uma população de 31 mil cidadãos do país cujos resultados dos exames deram negativo no mesmo espaço temporal e 20 mil pessoas que não foram testadas – selecionadas aleatoriamente.
A idade média dos voluntários era de 47 anos e 8.642 (66%) eram mulheres.
Os voluntários foram instruídos para reportarem quaisquer problemas neurológicos e cognitivos, como sinais associados a perda de memória e problemas de concentração, durante oito meses. Além dos seus quadros de saúde em geral e outras possíveis doenças, como por exemplo depressão.
Conforme explica a Galileu, dos 651 indivíduos que testaram positivo para a Covid-19 e que responderam ao questionário do estudo 257 dias após terem sido infectados, 11% falaram de sintomas de perda de memória. Esse número foi significativamente menor entre as pessoas que não tinham experienciado a doença e as pessoas não testadas: 4% e 2%, respetivamente.
Adicionalmente, 12% dos infetados divulgaram problemas de concentração e foco contínuos. No geral, a maioria (82%) registou igualmente um deterioramento na saúde como um todo, comparativamente a 2019.
Segundo os investigadores: “os nossos resultados sugerem que o SARS-CoV-2 pode impactar negativamente a memória mesmo oito meses após um caso leve da doença, e isso pode estar associado a uma piora da saúde e da PASC [sequelas pós-agudas da síndrome de infeção pelo novo coronavírus]”.
“Os dados apurados são um impulso determinante para reconsiderar a noção de que a Covid-19 pode ser uma doença leve”.
“Foi demonstrado que as preocupações subjetivas com a memória refletem problemas objetivos e mudanças observáveis nas funções cotidianas, mesmo controlando os fatores associados, como a depressão”, acrescentaram os académicos.
“Problemas de memória auto relatados também são um fator de risco para deficiência cognitiva leve ou demência posterior”.