Chegada do robô Perseverance a Marte foi um sucesso, mas suas primeiras imagens eram de baixíssima resolução. A Nasa explica por quê.
Primeira imagem de Marte enviada por Perseverance foi de baixa qualidade e em preto e branco — Foto: Nasa
O robô Perseverance, que chegou à superfície de Marte na quinta-feira (19), pode ser considerado o suprassumo da tecnologia.
A sonda desenvolvida pela Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, viajou 480 milhões de quilômetros, entrou em Marte a uma velocidade de quase 20 mil km/h e, depois de oito meses, fez um pouso bem-sucedido no Planeta Vermelho.
Foi uma façanha e tanto da engenharia espacial, mas por que um dispositivo tão sofisticado enviou suas primeiras imagens com qualidade tão baixa?
A Nasa compartilhou duas imagens do local onde o Perseverance aterrissou, na cratera Jazero em Marte: “Olá, mundo. Meu primeiro olhar em minha casa para sempre”, disse a agência no Twitter.
De baixa qualidade e em preto e branco, os registros mostram o terreno da cratera.
Essas imagens foram as primeiras, de baixa resolução, mas logo depois a Nasa divulgou novas fotos, dessa vez, com maior qualidade e coloridas.
Câmeras de condução
As duas primeiras imagens enviadas pelo Perseverance para a Terra foram obtidas pelas chamadas HazCams (do inglês ‘Hazard Avoidance Cameras’ ou Câmeras de Prevenção de Riscos), seis câmeras instaladas para monitorar o terreno.
Eles têm como função auxiliar os controladores a manejar o robô e contam com proteção extra para a entrada na atmosfera de Marte e pouso.
“As HazCams detectam perigos no caminho frontal e traseiro do robô, como grandes rochas, valas ou dunas de areia. Os engenheiros também usam as HazCams frontais para ver onde o braço robótico pode se mover para fazer medições, tirar fotos e coletar amostras de rocha e solo”, explica a Nasa.
Ao chegar ao planeta, as tampas protetoras transparentes sobre essas câmeras ainda não haviam sido retiradas, o que afeta a resolução das imagens capturadas.
Este registro mostra uma das rodas do Perseverance — Foto: Nasa
“Essas primeiras imagens são versões de baixa resolução conhecidas como ‘miniaturas’. As versões de alta resolução estarão disponíveis mais tarde”, disse a agência na quinta-feira (18).
Foi o que aconteceu na sexta-feira. Conforme prometido, outras imagens, de maior qualidade e coloridas, foram disponibilizadas ao público.
O Perseverance não tem apenas as Hazcams, mas 23 câmeras.
Dessas, nove são para engenharia, sete para trabalhos científicos, bem como sete para gerenciamento (incluindo as seis Hazcams).
À medida em que mais dados forem processados no centro de controle da Terra, mais imagens vão ser transmitidas.
Envio de imagens
O Perseverance tem três antenas instaladas, cada uma com tecnologias e usos diferentes que servem de “ouvidos” e “voz” para o robô.
A antena de Frequência Ultra-Alta (UHF) é o elo de comunicação com a Terra.
Essa comunicação não é direta, mas seu sinal é enviado para orbitadores da NASA posicionados nas proximidades de Marte. De lá, os sinais são encaminhados para os centros de controle da missão na Terra.
“Em geral, um sinal de rádio leva entre cinco e 20 minutos para percorrer a distância entre Marte e a Terra”, dependendo da posição dos dois planetas.
Esta foi uma das primeiras imagens coloridas enviadas pelo Perseverance — Foto: Nasa
Missão
O Perseverance buscará evidências de vidas passadas em Marte e coletará amostras de rochas que serão devolvidas à Terra em uma missão futura.
Ele também testará tecnologias pioneiras que serão a chave para uma futura presença humana no Planeta Vermelho.
É a busca mais ambiciosa da Nasa por vida em Marte desde os anos 1970.
“O foco mais recente da Nasa tem sido explorar ambientes antigos, porque os dados que temos sugerem que o planeta era mais habitável durante seu primeiro bilhão de anos”, diz um dos líderes da missão, Ken Williford, à BBC.
O Perseverance carrega consigo instrumentos científicos que serão capazes de pesquisar vestígios químicos de vida nas rochas marcianas. Estes podem incluir compostos orgânicos, o que significa que contêm carbono.
O robô também poderá procurar sinais visuais de biologia, como comunidades microbianas fossilizadas. G1