Aumento das temperaturas acima de 1,5ºC pode ser irreversível, alerta estudo

Em 2024, o aumento da temperatura média global foi de 1,6ºC, um sinal de que as próximas duas décadas devem ser tão ou mais quentes

Cientistas acreditavam, até agora, que superar a marca de 1,5ºC de aquecimento em relação aos níveis pré-industriais pelo período de um ano não necessariamente significaria quebrar o Acordo de Paris. Em 2024, por exemplo, o aumento da temperatura média global foi de 1,6ºC.

Um novo estudo, no entanto, aponta que o cenário registrado no ano passado é um sinal de alerta do que está por vir: as próximas duas décadas devem ser tão ou mais quentes, o que significa que as metas climáticas não serão alcançadas.

Não conseguiremos mais voltar abaixo desse nível, alertam os cientistas

  • Baseados em dados de estações meteorológicas espalhados por todo o mundo, os pesquisadores constataram que a década de 1980 foi a primeira 0,6ºC mais quente que o período pré-industrial, quando nações ricas ainda não queimavam combustíveis fósseis em ampla escala.
  • Nas décadas seguintes, esse valor nunca recuou, se mantendo na média ou aumentando (mesmo quando descontados fatores como o El Niño).
  • Para os cientistas, o modelo prova que, “sem mitigação climática rígida”, o ano de 2024, com sua temperatura média 1,6ºC mais elevada, é apenas uma prévia das próximas duas décadas.
  • Em outras palavras, “não conseguiremos mais voltar abaixo desse nível”.
  • As conclusões foram descritas em estudo publicado na revista Nature Climate Change.
Conceito de catástrofe; Aquecimento Global
Temperatura média do planeta deve aumentar ainda mais (Imagem: Bigc Studio/Shutterstock)

Aumento de eventos climáticos extremos

As conclusões do novo estudo apontam que, mesmo em países de clima mais ameno, esse aumento de temperaturas pode ser catastrófico. Isso significaria ondas de calor, temporais, secas e enchentes mais frequentes e intensos.

Apesar do alerta, os pesquisadores destacam que se a humanidade agir rápido e reduzir drasticamente suas emissões, é possível manter o aquecimento em 1,5ºC ou pelo menos limitá-lo a 2ºC. Este é o teto máximo fixado aprovado pela comunidade internacional no âmbito do Acordo de Paris.

Contraste entre planeta, animais e emissões de fumaças
É preciso reduzir as emissões o quanto antes (Imagem: Quality Stock Arts/Shutterstock)

No entanto, os próprios cientistas estão céticos quanto aos esforços globais para reduzir os efeitos da crise climática. Mesmo com todos os avisos, as taxas globais de emissão cresceram cerca de 50% desde 1990.

OLHAR DIGITAL