Tripulação da Starliner permanece na Estação Espacial Internacional e podem ficar por lá até 90 dias enquanto a NASA avalia opções
Os astronautas da missão Boeing Starliner deveriam ter ficado apenas 10 dias na Estação Espacial Internacional (ISS). Mas na próxima semana a tripulação vai completar 50 dias no espaço, e ainda não tem data de retorno. A declaração foi dada pela NASA em uma coletiva ao lado da Boeing nesta quinta-feira (25).
Entre este sábado (27) e domingo (28), a espaçonave vai passar por um teste de “fogo quente” no espaço, enquanto a NASA segue investigando as causas do problema nos propulsores que culminou no atraso do retorno da tripulação.
O teste de fogo é justamente para avaliar o funcionamento dos 28 propulsores RCS. Quer dizer, 27, já que um deles já foi considerado como inutilizável pela equipe. O objetivo do teste é verificar se eles podem ser usados para trazer a dupla de astronautas para a Terra.
“Vamos disparar todos esses propulsores com uma série de pulsos, apenas para garantir, antes de desacoplarmos, que todo o sistema funcione da maneira que esperávamos e da maneira como estava da última vez que o verificamos”, disse Steve Stich, gerente do Programa de Tripulação Comercial da NASA, durante a coletiva.
O que está mantendo os astronautas presos no espaço?
O Teste de Voo Tripulado da Starliner – ou CFT, na sigla em inglês – foi lançado no dia 5 de junho, no topo de um foguete Atlas V, da United Launch Alliance (ULA), a partir da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, na Flórida. Isso aconteceu após uma série de adiamentos.
A última suspensão foi em razão de um vazamento de hélio na cápsula. O problema não foi entendido como tão grave, e a espaçonave decolou rumo à ISS. No trajeto, mais vazamentos de hélio foram identificados. A cápsula demorou mais de uma hora além do previsto para atracar no laboratório orbital. Testes adicionais na espaçonave se fazem necessários, justificando o adiamento do retorno para a Terra.
Agora, a equipe investiga o que pode ter ocorrido com os propulsores. Uma das hipóteses é que tenha acontecido com o RCS o mesmo que ocorreu com modelos de teste da Aerojet, que serviram de base para os usados na Starliner.
Os propulsores da Aerojet sofreram uma degradação no solo ao ficarem armazenados muito tempo. O comportamento dos dispositivos na nave parece corresponder com o que aconteceu com eles no solo.
“Acho que o que estamos começando a entender muito melhor nesta missão — e não teríamos entendido isso apenas ficando no solo e fazendo mais análises e testes — é que entendemos os efeitos integrados entre como o sistema de orientação, navegação e controle [e] o sistema de controle de voo durante o encontro está comandando os propulsores para disparar”, disse Stich.
As equipes agora trabalham para entender como corrigir o possível problema e trazer a dupla de astronautas, Butch Wilmore e Suni Williams, para a Terra na mesma nave que os levou ao espaço.
Se junta a isso o fato do lançamento histórico ser parte de um contrato bilionário da Boeing com a NASA para colocar tripulações na ISS. Agora, o futuro do projeto de colaboração entre as duas empresas é incerto.