MS.Resende sobre UTI: “Não importa sua classe social, se precisar vai faltar”

Secretário de Saúde fez desabafo e disse que o momento atual vai além do colapso na Saúde


Mato Grosso do Sul enfrenta o pior cenário desde o início da pandemia, com recorde de casos e internações dia a dia e hospitais a beira do colapso, com algumas regiões com mais de 100% da ocupação de leitos.

Diante disso, o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, fez um desabafo nas redes sociais, clamando para que a população obedeça as medidas restritivas pois, após um ano de pandemia, a situação chegou ao limite.

“Não importa a sua classe social ou sua origem, os hospitais estão lotados, os leitos de UTI, escassos em todo o Brasil e, se você precisar, inevitavelmente vai faltar”, diz parte da publicação.

O desabafo começa com a foto de um profissional de saúde atuando na linha de frente (veja abaixo), ao que o secretário afirma que “uma imagem vale mais do que mil palavras” e que são mais de 365 dias de batalhas diárias.

“O que estamos vivendo vai além do colapso no sistema de saúde. Enquanto as linhas de frente lutam para não permitir que mais vidas sejam levadas, vemos pessoas egoístas que só pensam nelas mesmas, que insistem em desrespeitar medidas simples, como o uso de máscara e o distanciamento social, simplesmente por falta de respeito, por falta de empatia e falta de amor à vida do próximo”, disse.

Resende acrescenta que as consequência do desrespeito as medidas de segurança vai além da economia e dos números e afirma que todas as medidas tomadas com objetivo de frear o contágio são alvos de críticas.

Nessa quarta-feira (10), o governo publicou decreto com novas medidas restritivas, estabelecendo o toque de recolher das 20h às 5h de segunda a sexta-feira. Aos fins de semana o funcionamento dos serviços não essenciais deve ser até às 16h, entre outras medidas, com vigência a partir de domingo.

Resende afirma que as medidas sempre visaram evitar mais mortes e o colapso no sistema de saúde e, principalmente diante do aumento de casos e internações, que sobrecarregam o sistema, e da dificuldade para abertura de novos leitos.

“Entre fazer uma breve pausa para frear os contágios ou parar por perder a vida… Qual decisão devemos escolher?”, questiona o secretário.

Resende publicou foto de profissional e fez longo desabafo – Foto: Reprodução

Boletim

Conforme o Boletim Epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES), nesta quinta-feira há 780 pessoas internadas no Estado, sendo 425 em leitos clínicos (283 público; 142 privado) e 355 em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) (261 público; 94 privado).

Na segunda-feira (8), esta estatística era de 724 hospitalizados. Já na terça (9), eram 725. Ontem (10), 754 pessoas estavam internadas. 

A ocupação global de leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS) na macrorregião de Dourados está em 92%; Três Lagoas 96% e Corumbá 62%. Campo Grande não enviou dados.

O Estado já tem 191.326 confirmações de Covid-19, desde o início da pandemia. As mortes já contabilizam em 3.537. Recuperados já somam 177.007.

Nas últimas 24 horas, foram registrados 21 mortes e 934 casos.

Toque de recolher

Durante o período do toque de recolher, poderão funcionar somente os serviços de saúde, de transporte, de alimentação por meio de delivery, farmácias e drogarias, funerárias, postos de gasolinas e indústrias.

Fica proibido consumo de gêneros alimentícios e bebidas em supermercados e congêneres, não se incluindo lojas de conveniência, bem como o acesso simultâneo de mais de uma pessoa da mesma família, exceto nos casos em que for necessário acompanhamento especial.

No decreto, o governo institui ainda outras medidas, como horário de funcionamento especial aos finais de semana. Para os serviços que não sejam classificados como de natureza essencial, fica permitido o funcionamento somente das 5h às 16h aos sábados e domingos.

Durante o funcionamento dos serviços essenciais, o atendimento será limitado a, no máximo, 50% da sua capacidade instalada e o distanciamento mínimo de 1,5m entre as pessoas presentes no local.

O texto ainda suspende a realização de cirurgias eletivas pelos hospitais da rede pública estadual e pela rede contratualizada.

Fica autorizado, em caráter excepcional e temporário, a instalação de barreiras sanitárias nos aeroportos e de pontos de fiscalização nas rodovias localizadas no Estado. 

Também fica recomendado aos órgãos e entidades públicas estaduais que adotem o regime excepcional de trabalho remoto.

Correio do Estado