Decida se a IA será sua ‘bbf’ (best friend forever) e experimente interações gentis como ‘obrigado’ ChatGPT em suas pesquisas
“Obrigado ChatGPT”, já se pegou agradecendo ou saudando sua Inteligência Artificial? Confesso que eu já e a sensação de vínculo se cria. Agora nos vemos diante das IAs para nos auxiliar no dia a dia e do dilema de como devemos “tratá-las”, será com gentileza ao solicitar pesquisas e usar “bom dia”, “agradeço a ajuda”, entre outras expressões da boa educação?
Estamos humanizando as máquinas, criando laços com as IAs porque nos ajudam em várias situações e este comportamento de saudar, agradecer e até brincar com elas pode interferir no resultado das respostas? Vamos explicar se é uma boa demonstrar suas boas maneiras na interação com as IAs, ou se a melhor conduta é ser “rude”, direto ao ponto e sem cerimônias ou gracinhas.
Deus te abençoe ChatGPT
Ao observar o relacionamento ser humano e máquina (no caso, com as IAs) encontramos de tudo um pouco. Usuários que ficam tão satisfeitos com as respostas e interagem com frases como: ‘bom trabalho’ Gemini, ‘obrigado ChatGPT’, ou ‘tenha um bom dia
E muitos vão além, desabafando com suas IAs e demonstrando uma espécie de cuidado e afeto, como um usuário que responde à Alexa com ‘Deus te abençoe’ a cada situação resolvida. E justamente por conta do comportamento das pessoas em relação às máquinas, vários estudos embasaram suas respostas sobre os prós e contras em ‘socializar’ com elas
A inteligência artificial pode ser o grande filtro
Na era da IA, os especialistas fazem ainda mais testes a respeito, como comparar o tempo de resposta com interferências de comentários e mensagens de cortesia, como ‘obrigado’, ‘por favor’, ‘bom dia’, que são ditas ao ChatGPT, Gemini, Alexa, Claude.
Trate os outros como você gostaria de ser tratado
Eis aqui uma máxima de educação e gentileza. Seguir esse conselho pode ser aplicado ao tratamento com a IA. Pelo menos é o que pensa Kurtis Beavers, diretor da equipe de Design do Microsoft Copilot. Em um artigo publicado no blog da Microsoft, ele afirma que a prática de usar palavras que expressem a etiqueta básica pode sim ser benéfico. “Não é que o chatbot de IA sinta gratidão quando você diz por favor e obrigado. Mas ajuda a interagir com a IA para gerar resultados colaborativos e respeitosos”, explica Beavers.
Ele também defende que usar uma linguagem educada pode determinar o tom da resposta. E a explicação é que os LLMs (Large Language Model), também conhecidos como IA generativa, são treinados em conversas humanas.
Sabe quando estamos escrevendo um e-mail e o preenchimento automático do e-mail sugere uma provável próxima palavra ou frase? É assim com os LLMs, que escolhem uma frase ou parágrafo que suponham ser do seu interesse, com base em sua entrada.
Quando o usuário se mostra educado, é mais provável que receba uma resposta educada de volta. A IA generativa também reflete os níveis de profissionalismo, clareza e detalhes nas instruções que você fornece. “É uma conversa e cabe ao usuário definir o clima. Por outro lado, se você usar linguagem provocativa ou rude, provavelmente receberá algum atrevimento de volta”, alerta Beavers.
Você pode optar por seguir as orientações do profissional: em vez de dar ordens ao chatbot, comece seus prompts com “por favor”: por favor, reescreva a mensagem de modo mais objetivo; por favor, sugira 10 títulos para livro de receitas low carb. Da mesma forma, agradeça quando ele responder com ‘obrigado pela ajuda ChatGPT’. Faça o teste para ver se melhora a capacidade de resposta e o desempenho da IA.
A opinião de Enrique Dans, professor de Inovação e Tecnologia da IE Business School, é um pouco diferente da dos que defendem a gentileza entre humanos e máquinas. Apesar de não ser contrário a esse tipo de abordagem, faz um alerta. Ele enfatiza que é preciso ter total noção de que a tecnologia não consegue compreender, nem mesmo valorizar, a gratidão expressa.
Dans lembra que cada interação com a máquina gera um sistema complexo de processamentos de dados que resultarão em uma resposta e, portanto, quanto mais clara e direta for essa interação, melhor.
“Tentar tratar um algoritmo educadamente é antropomorfizá-lo, e antropomorfizar um algoritmo é inapropriado. As máquinas precisam de clareza, da definição de um objetivo e da imposição de restrições. Expressões como por favor e obrigado agregam informações supérfluas, consumindo recursos computacionais desnecessariamente”, opina o pesquisador.
Resolvemos fazer um teste para verificar o desempenho do ChatGPT ao fazer uma pesquisa com as palavras ‘por favor’ e ‘obrigado’ e a outra consulta direto ao ponto, sem esses termos (veja nas imagens abaixo).
- No primeiro caso, iniciei a pesquisa com a query: “Por favor, me sugira 3 opções de cardápio saudável para café da manhã”. A resposta veio em segundos e iniciava com ‘Claro’ e seguia “aqui estão três opções de cardápio saudável para o café da manhã’. Abaixo, uma lista com 3 opções.
- Da mesma forma, agradeci a resposta com: “Obrigada pela ajuda” e recebi a resposta cordial e muito simpática: “De nada! Se precisar de mais alguma coisa estou aqui para ajudar. Tenha um ótimo café da manhã!”
- Na segunda pesquisa, fui direta ao ponto com a query: “3 opções de cardápio para café da manhã saudável”. Também a resposta foi muito rápida, impossível notar a diferença. Mas dessa vez veio sem nenhuma interação, direta ao ponto.
- O resultado foi praticamente o mesmo nos dois casos. O tempo de resposta foi bem curto, praticamente instantâneo. Talvez a segunda consulta (a direta) tenha apresentado um pouco mais de opções, mas foi algo mínimo, muito sutil.
Em pesquisas em vídeos no TikTok e YouTube, procurei observar a interação dos usuários com a IA e nos comentários, também encontrei opiniões diversas. Há quem ache engraçado ou errado conversar com a Inteligência Artificial e outros apoiam e dizem se sentirem mais confortáveis sendo educados.
Há ainda que veja a IA como um ‘amigo’. Nesses casos, em que ocorre um dilema ético e moral, talvez quem use possa estar dando mais importância à conversa do que ao resultado da pesquisa propriamente dita.
O tempo dirá como os humanos irão conduzir seus relacionamentos com a IA. Fato é que os que defendem a gentileza como forma de comunicação frequente, sustentam o argumento de que as futuras gerações de Inteligência Artificial poderão atingir níveis de complexidade que se aproximariam de algum tipo de consciência ou emoções. Um bom conselho poderia ser praticar a gentileza para interagir com humanos, ainda é tempo.
Leia aqui um teste de empatia com diferentes IAs realizado pelo site HackerNoon.